segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Crostas crestas de costados quentes; BH, 0170202017; Publicado: BH, 0270202017.

Crostas crestas de costados quentes
Nasceu velho morreu novo viveu ao
Contrário do espelho de bicho
Virou gente de noite gerou dia da
Morte construiu vida cerziu os furos
Dos rasgos dos espaços com agulhas
Imantadas linha do horizonte fincou
O pé fundamental na pedra inda
Incandescente perdeu a sola mas
Entrou para a pré-história nascente
Pisou a carne viva do chão com
Sangue cauterizado fazia a primeira
Aparição de rabiscos de caverna não
Quis nascer amanhã procrastinou o
Máximo que pode quase matou a
Mãe no dia do parto pelado
Primeiro caiu uma perna depois caiu
A outra um braço outro braço o
Tronco enfim a cabeça conforme
Contava a vovó a nos meter medo de
Gente gente canibal roedores de
Cérebros comedores das carnes da
Alma do espírito nada fez de
Bonito não ganhou dinheiro se
Impunha no grito animal favorito
Cujo dono encurtava o cabresto a
Cada dia diferente em dia no qual
Todos diziam que era igual azul adeus
Minha mãe até um dia será plena alegria
De almas em júbilo a encontrarem-se

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Não sonho para não ter que acordar; BH, 0250202017; Publicado: BH, 0260202017.

Não sonho para não ter que acordar
Sair do mundo onírico
Fugir do universo utópico
Então deixai-me lá
A fingir que existo nesta treva fria
A passar por um tição de fogo
Uma pira olímpica
Um archote de guerreiro
Um ânimo de gladiador
Uma disposição de soldado romano a enganar
Que este bloco de gelo
Este urso polar
Não sou eu no meu subterrâneo
Na minha caverna de homem pré-histórico
A minha ignorância só não me mata
Porque já sou um morto
Não se pode morrer duas vezes
Faço tudo o que todos os estúpidos fazem
Ajo de acordo com a unanimidade de todos os idiotas
Só quando sonho
É que posso sentir
Que sou um ser real
Livre do animalesco
Distante da selvageria
Da carnificina adiposa
Carrego nos olhos aquele medo eterno de acordar
Carrego no sangue a frieza do réptil que não sabe amar
Peço não acordeis este corpo morto
Não aticeis esta alma apagada
Este espírito pessimista
Que não vê perspectiva de otimismo em nada
Nem nos céus nem na terra
Deixai este refugiado à deriva em alto-mar
Não jogueis uma corda uma boia
Uma catraia sequer
Onde possa se agarrar
É morrer afogado nas próprias lágrimas de lamentações fim
Nada mais resta a fazer desta carcaça humana
Deus deu-lhe uma pedra
Pulverizou-a nem aproveitou a poeira
Para camuflar-se no pó virtual
É um camaleão de simulacros
Esconde-se no sono para passar a impressão que sonha
Que é vivo
Pois dizem que os sonhos nunca morrem então
Quem sonha também não morre nunca
Deixai este falsificador na sua fingida dor
Puxai as cortinas das janelas
Acobertai os aposentos
Acorrentai o sol
A lua
Os ventos

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A obra perdida não é mais dada; BH, 0190202017; Publicado: BH, 0200202017.

A obra perdida não é mais dada
Nem nesta nem noutra dimensão é
Por isto que todo trabalho de obra ou
Toda obra de trabalho devem ser
Imediatamente imortalizados o momento
É único não se repete no universo
Apesar de o universo repetir-se
Renovar-se a cada trilionésimo de segundo
Obra por mais perfeita que seja é logo
Esquecida superada pela menor
Imperfeição do autor um prego fora
Do lugar um parafuso mal colocado
Uma estaca frouxa uma coluna empenada
Uma pilastra formatada lúgubre um degrau
Oblíquo um sonho torto adeus complexo
Mais do que perfeito adeus estrutura
Colossal imaginária adeus canteiro de
Gigantes titãs aglomerados de deuses
Demônios em conflitos anões aproveitam
Passam sorrateiros magros sem gorduras
Não olham os espelhos enegrecidos a
Fumaça espessa colocam-se diante do
Sol olham suas sombras imensas refletidas
Nas paisagens pensam-se infinitos regurgitados
De engôdos demasiada ilusão das carnes
Ossos mais ossos do que carnes das peles
Esqueletos mais esqueletos do que peles
Indignas caveiras ambulantes nessas
Oportunidades alheias o que não faltam
São coveiros gananciosos a enterrarem
As obras dadas dos semelhantes

Chico Buarque (Carioca ao Vivo)

O poeta como não é nada sempre pede; BH, 0190202017; Publicado: BH, 0200202017.

O poeta como não é nada sempre pede
Para si alguma coisa uma gota d'água ao
Oceano uma pedra à uma pedreira um
Grão de areia a uma duna ser ineficiente
Quer ser eficiente, na construção de
Pirâmides morros montanhas cordilheiras
Muralhas cego gosta de olhar as coisas
Bem de longe de preferência do infinito é
Invisível imperceptível anônimo alheio
Faz de tudo para chamar a atenção do
Semelhante reverência aos ventos falas
Com as estrelas encanta-se com cantos de
Grilos coaxar de sapos casas adormecidas
Ruas desertas bater de asas de borboletas
Joaninhas gafanhotos esperanças passa
Horas a observar calangos urubus
Gaviões em voos deslocamentos de
Nuvens caçador de eclipses mistérios
Sigilos nunca revela o que encontra
Quando revela mente na fonte na semente
Na célula salvador de besouros endeusa
Louva a deus encena louvações à
Libélula foge das gentes das coisas
Das gentes para as coisas das aparições
Das assombrações fantasmagóricas
Teimoso não faz orações nem se declara
Ateu esconde-se de cruzes nas encruzilhadas
De igrejas nas esquinas refugia-se em
Cemitérios obituários ossários sepulcros
Esquisito estranho detesta tudo que gostam
Gosta de tudo que detestam arredio engole
A própria língua só fala as palavras que não
Possuem letras ou que só os mortos entendem

domingo, 12 de fevereiro de 2017

POEMAS DE CÂNDIDO ROLIM:

amante à moda antífona

queria um perfume de longe
deu-lhe um atavio encarnado
pediu um ônix
trouxe-lhe as minúcias de um salmo
esperava um paiol
entregou-lhe um feixe de blandícia
sugeriu um cruzeiro
deu-lhe o eclipse
pediu um carro zero
deu-lhe uma safra inteira de sigilo

Faina

Fique em silêncio
observe o
estalo de mó
triturando ossos
algo coisas à
margem

Desculpe, but

Desculpe, mas pertenço a um mundo desvirtuado
Também não me sinto moralmente apto a
tirar da experiência um lema
Desculpe, mas minha formação musical é promíscua
Desculpe, infelizmente essa metáfora não me atinge
Obrigado, mas não vivo de ênfase
Desculpe, não planejo dizimar a ideia contrária
Desculpe, mas não concluí a tarefa com êxito


Talvez queiras ir deitar comigo; RJ, S/D; Publicado: BH, 0120202017.

Talvez queiras ir deitar comigo
Para rolarmos na cama
Brincarmos de fazer amor
Talvez queiras que desvende tuas entranhas
Encha-te de leite quente
Talvez me queiras
Não sabes disso
Desejas-me tens medo
Queres minha boca
Meus lábios meus beijos
Talvez não saibas
Dos teus sentimentos 
Entregas-te
Abres para mim
Não precisas ter medo de deitar rolar
Brincar de amar na cama
Fazer amor
Penetras-me que penetro-te
Possuis-me que possuo-te
Cobiças-me que cobiço-te
Talvez queiras tudo que tenho
Todo o meu desejo
Todo o meu sexo
Estender o teu sexo em mim
No meu corpo
No meu ponto fraco
Talvez queiras o gozo total
O pináculo do prazer
O orgasmo real
Talvez queiras matar-me

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Penso nas leis da natureza; BH, 0220102016; Publicado: BH, 0110202017.

Penso nas leis da natureza
São leis perfeitas como se fossem leis feitas
Por um deus qual deus gera perfeição
Ao homem restaura a alma do infeliz?
Qual homem pode pensar que tem
Mais privilégio do que qualquer outro
Ser humano a ponto de querer que
Coisas perfeitas sejam geradas para ele?
Que espírito alma tenham mais
Refrigeração recomposição do que qualquer
Outro membro da humanidade pode ter? só
Com muito egoísmo orgulho soberba
Loucura posso pensar que um deus irá
Preferir a mim preterir a outrem
Dar amor aqui ira ódio raiva acolá
Água em abundância seca cruel
Fartura de comida fome total do
Lado de lá ou é deus pata todos ou não
É deus para ninguém nas igrejas por exemplo
Deus só é deus para padres pastores que
Enchem as burras de dinheiro os fieis
Mesmos ficam a ver navios louros medalhas
Condecorações gratificações só depois de mortos
As maiores loucuras aberrações bizarrices
Bisonhices são os que se auto intitulam
Teólogos bem como os astrólogos só coisas
Para doidos malucos incuráveis quem
Pensa que pensava descobre que agora tem
Quem pensa em seu lugar aposenta o
Cérebro a mente o pensamento o raciocínio
A razão a percepção a intuição o discernimento
A inteligência a sabedoria que todo mundo
Seja livre pensador não mais pensador
Livre não mais dependente de teorias teses
Conceitos ensaios às favas com tudo
Não há outras alternativas
Às favas com as alternativas

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Lapidação pública dos golpistas se quisermos acabar com o golpe; BH, 020202017; Publicado: BH, 070202017.

Lapidação pública dos golpistas se quisermos acabar com o golpe
Temos que fazer igual os palestinos fazem com os
Invasores israelenses se ficarmos de nhe-nhe-nhem de
Trololó de conversa mole do tucanês é capaz de não
Termos nem eleições no ano que vem então lapidação
Pública dos golpistas do executivo lapidação pública dos
Golpistas do legislativo lapidação publica dos golpistas do
Judiciário só o povo trabalhador brasileiro salva das trevas
Medievais a democracia nacional através do apedrejamento
Público de todos os golpistas usurpadores com o golpe
Extinguiu-se o que restava da nossa paquidérmica
Cambaleante justiça apodreceu-se putridamente o que
Chamávamos de legislativo representado pela camarilha dos
Deputados pelo puteiro do senado a nação brasileira
Adoeceu-se adormeceu-se com a morfina para não sentir
A dor do golpe perdeu os direitos o estado social viu
Uma quadrilha de propineiros inveterados compor o
Executivo para o PIG o Partido da Imprensa Golpista
Suas redes de televisões associadas a normalidade
Impera no nosso meio numa mentira geral numa falsa
Deferência aos golpistas que não tiveram nenhuma
Consideração legitimidade republicanismo com os
Milhões de eleitores que sufragaram democraticamente
Num pleito universal o nome da Presidenta Dilma Vana
Rousseff ao comando do país entregaram as nossas
Riquezas delapidaram as nossas empresas em benefício
Das multinacionais das nações imperialistas por isso
Se quisermos nos ver livres do golpe lapidação pública já

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Feliz é quem tem um dom duma letra nova; BH, 0280102017; Publicado: BH, 060202017.

Feliz é quem tem um dom duma letra nova
Que forma uma palavra recém-nascida uma
Ordem mundial que dite os trâmites legais
Geniais da natureza feliz não é o que tem
Todo o dinheiro do mundo quer o lucro a
Qualquer custo vantagem custe o que custar
Feliz é quem tem um dom duma sorte
Consciência sapiência o restante lhe será
Acrescentado pelo universo nasce uma
Nascente a água é diferente lágrima de
Inocente ausência de hipocrisia de gente
O capitalismo não morre nunca deixa seus
Filhotes famintos suas hienas selvagens suas
Feras bestas endiabradas devoram bebês
Mães pais o país toda a referência libertadora
O que se esperar de quem não que ser
Esperado? aborta pensamentos revolucionários
Não muda a muda a raiz a semente germinal
Não germina uma célula reproduzida um tecido
Limpo uma textura inovadora a mensagem
Vai além os loucos falam com pedras flores
Passarinhos rochas folhas ramos os
Loucos riem para as paredes cantam em
Alegria os ditos normais matam o que
Os loucos falam os loucos são os que
Estão certos os ditos normais são os que
Estão errados acabam no fim em vão a porem
Fim na vida vã vida leviana de proxeneta
Prevaricador apedeuta a respeito das coisas
Superiores oh morbidez angelical bisonhice
Celestial bizarrice divinal passam ao semelhante
Terreal ao fazer desejar o mal mas sem a
Cara de mau o sorriso é de criança puro como
Um sangue depurado doce como um mel de
Fava imperial de abelha rainha sua geleia real
Surreal o humano sempre será demasiadamente
Humano nunca real cabeça de vento de nuvem
Fumaça névoa neblina serragem destituída
Dalgum pensamento servido de alavanca para
Desobstruir mover os caminhos empedrados

domingo, 5 de fevereiro de 2017

O andarilho ancião rasgou os; BH, 0220902016; Publicado: BH, 050202017.

O andarilho ancião rasgou os
Meandros das sombras uma voz das
Trevas se faz ouvir nos tímpanos
Envelhecidos dos seus ouvidos enferrujados
Que procuras velho decrépito com
Esse único olho vítreo de cobra cega?
O senil arfa a frase perfeita o período
Com pé inteiro a sentença de veredicto
Nobre o parágrafo único o artigo primeiro
Toda a vida tiveste para essas baboseiras pueris
Com a morte nas costas em pele e osso
Mais osso do que pele inda tateias
A babar gosmento ruminante nojento
Com essa mão trêmula de fantasma que
Não segura uma pena ao vento não
Desistirei trevoso hei duma obra-prima
Imortalizar hei duma obra de arte
Perpetuar antes ou depois de me mortificar
Faças-me chorar se na diversão só sabes
Dar trabalho velho bobão quem se importará
Com o que queres perpetuar ou imortalizar?
Conheço todos os seres entes entidades
Almas espíritos assombrações fantasmas
Aparições nas minhas premonições não
Entram as tuas reminiscências vade
Retro capiroto não sou o Fausto a ti
Não dou aparte meus pensamentos
Não penetras se não fosses tão sem valor
De alma tão mesquinha pequena
Daria-te uma canga bruta para veres de
Quem se trata de ti não tenho medo
Nem no claro nem no escuro pisa
Quem te daria seria eu o ancião tal
Qual dei no Lampião se acender
O meu cachimbo rezado pela mãe de
Santo der uma baforada em teus
Chifres jogar cinza em teu cangote
Faço-te desaparecer seu bitre olha
Que não vou levantar nem o meu
Patuá a folhagem farfalhou bravia
Como se algo a sacudia o andarilho
Rasgou os meandros das sombras em silêncio

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"VAI TOMAR NO CU": Morre o inventor do "vai tomá no cu"


Morre o inventor do "vai tomá no cú"

Morreu hoje aos 96 anos, por motivo desconhecido, Juvêncio Alcântara, o inventor da expressão "vai tomá no cú". Juvêncio morava sozinho e deixou para os netos uma herança avaliada em R$200.000,00.

A criação de uma expressão


De acordo com o diário de Juvêncio, o "vai tomá no cú" foi inventado numa linda tarde de sol, quando ele ainda era adolescente.


"Estávamos jogando futebol quando o Leitoa veio caçoar de mim pelo fato de eu estar tomando água no bico da garrafa. Ele berrou: ei Juvenil [apelido carinhoso de Juvêncio] vai tomá no copo!. No que eu respondi: e você vai tomá no cú! Os outros garotos acharam o máximo e começaram a mandar todo mundo tomar no cú... foi uma mandação de tomar no cú aquele dia..."


A partir de então, Juvêncio Alcântara ganhou notoriedade em meio a alta sociedade de Pedrinhas-MG, cidade onde sempre viveu. Por inventar uma das expressões mais conhecidas e uma das mais versáteis, Juvêncio conheceu o mundo todo, sempre divulgando a língua portuguesa nos lugares onde ía. "Foi na Argentina que fiz com que o VTNC ganhasse proporções mundiais", escreveu em seu diário .


O corpo de Juvêncio Alcântara será enterrado hoje às 19 horas. A Academia Brasileira de Letras fará uma homenagem póstuma ao lingüista.