sexta-feira, 27 de setembro de 2024

não te vejo mais a sorrir teu sorriso azul celeste

não te vejo mais a sorrir teu sorriso azul celeste
azul firmamento azul marinho azul da cor do
mar azul escuro não te vejo mais a sorrir teu
sorriso azul infinito azul imortal azul eterno
azul posteridade não te vejo mais a sorrir teu
sorriso de qualquer tipo de azul também
desaprendi de sorrir não rio mais não riacho
não mar mais não córrego mais para ti como
corria quando te via a sorrir teu sorriso partiu
deixou partido meu coração que nunca mais se
emendou faltou teu abraço teus braços mãos
punhos pulsos dedos até das tuas porradas
socos murros sinto faltas dos teus tapas
beliscões arranhões faziam-me sentir vivo
espantavam os maus pensamentos lembras
quando cantava agora uma enorme paixão me
devora batias palmas alegremente antes
continuasse a ser comida dessa enorme paixão
que agora não me devora mais pois não tenho
o teu coração não o conservei num vidro com
formol para poder admirá-lo todo dia a
mostrar às pessoas se teve algo que amei na
minha vida mal vivida por ser um amor foi
esse coração vivo conservado nesse vidro
com formol que formosura esse coração que
algum cirurgião deveria ter transplantado
para meu peito morto

BH, 050802024; Publicado: BH, 0270902024.

cadê a minha obra-prima que estava aqui?

cadê a minha obra-prima que estava aqui?
cadê a minha bela arte? cadê a minha arte
plástica de carne osso? cadê meu colosso
de rhodes? cadê meu talos guardião? cadê
meu gigante de maratona? cadê a minha
única maravilha do meu mundo real? dos
meus universos siderais espaciais
angelicais celestiais divinais dimensionais?
cadê meu pensador de rodin? cadê minha
pirâmide do egito? cadê minha esfinge de 
gizé do vale dos reis? cadê meu rio nilo?
cadê meu rio eufrates? cadê meu rio tigre?
minha miragem meu oásis do meu deserto
de saara? cadê meu elefante branco de neve
meu mastodonte meu mamute? cadê meu
urso polar? não sou artista autista severo
para fazer tudo outra vez não sou arquiteto
dos universos nem dos versos não sou deus
artesão nem tenho tesão de manufatureiro
não sou mestre talhador esculpidor escalador
de dunas raras cadê meu entalhe nunca
moldado por mãos amadoras? cadê minha
força de gravidade? meu campo magnético
gravitacional? cadê minha atmosfera? cadê?
cadê? cadê? não quero mais morrer sozinho
levar nas costas uma morte sem grandeza
levar uma morte pequena ingrata uma morte
sem motivo não quero levar uma morte ruim
mal acabada incompleta sem plenitude quero
uma morte repleta de vida uma morte que
abale os universos que cause a instabilidade
interplanetária que cause o caos no infinito
cadê a teoria da relatividade que roubei do
einstein lancei num acelerador de partículas
vi todas as partículas de deus desvendei todas
as conjecturas porém não soube evitar a
minha obra-prima que me foi roubada

BH, 050802024; Publicado: BH, 0230902024.

onde escrever alguma coisa para ti

onde escrever alguma coisa para ti
se não te vejo mais sorrir azul firmamento
antigamente rias com fundamento
gargalhavas por argumento fingir
discernimento não suporto mais a ausência
do teu sorriso mesmo por fingimento
mamãe não ainda não é a mamãe alguém
que saiu alguém que entrou bateu o portão
enganaste ficas calmo bem ou mal bom ou
mau estou aqui apesar que não faço
diferença não me aceitas preferes a mãe
preteres o pai procrastinas o amor para
outra encarnação mas não sabes que o teu
sorriso é capaz de parar uma guerra teu
sorriso cheio cheira fascinação me fascina é
só emoção é só sensação outro ser no 
universo não sabe sorrir assim nem os
girassóis do jardim do éden nem os
crisântemos do getsêmani ou as
amorphophallus titanum do jardim do
sepulcro vazio por mim agora jaz assim
perdido sozinho no fundo da terra escura
fria sem alguma mão não adiantará jogar
água não és mais semente sou demente
doente corrente impotente nada mais me
ampara minha lua rara meu sol raro do 
meio-dia da meia-noite meu ser caro louco
doido para partir ao teu encontro meu monstro
de estimação louco para te sepultar no meu
coração jogar por cima a pedra sepulcral
que caiu daquela constelação

BH, 0190602024; Publicado: BH. 0220902024.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

o capitalismo não perdoa o capitalismo mata

o capitalismo não perdoa o capitalismo mata
se és capitalista deus te perdoe se não és
capitalista deus te abençoe pois o capitalismo
é tudo de mal de ruim que o mau pode
produzir guerras sem fins fomes pobrezas
misérias desgraças selvagem o capitalismo
não perdoa o capitalismo mata com faltas de
saúde educação moradia com imposições do 
imperialismo do colonialismo do
neoliberalismo a globalização com a
estagnação econômica concentrações de 
riquezas com as especulações financeiras dos
financistas proprietários dos capitais
controladores dos trabalhos dos trabalhadores
explorados dos oprimidos o capitalismo odeia
o trabalhismo o trabalhista ama as religiões
pois com as religiões pode domar grande
número do povo rebelde lançar irmãos contra
irmãos ou contra os próprios direitos sociais
civis humanos o próprio capitalismo dissemina
todos os tipos de pecados que as vis vãs
religiões fingem que combatem mundo fora
mas que todos praticam livremente impunemente
então o que vai acabar com o mundo é o ódio
que o capitalista tem com o capitalismo ao povo
trabalhador ao redor do mundo porém o povo
trabalhador não enxerga essa ameaça predadora
continua refém dos bancos empresas igrejas do 
sistema do capital abaixo o capitalismo que não
perdoa mata de fome de sede sem amor sem paz

BH, 0160602024; Publicado: BH, 0180902024.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Vinicius de Moraes, Soneto à lua; Publicado: BH, 0100402013.

Por que tens, por que tens olhos escuros 

E mãos lânguidas, loucas e sem fim 

Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim 

Impuro, como o bem que está nos puros?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros 

Num rosto como o teu criança assim 

Quem te criou tão boa para o ruim 

E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me presa 

A alma que por ti soluça nua 

E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tampouco a mulher que anda na rua 

Vagabunda, patética, indefesa 

Ó minha branca e pequenina lua!

Vinicius de Moraes, Ilha do Governador; Publicado: BH, 090402013.

Vinicius de Moraes, Ilha do Governador;
Publicado: BH, 090402013.

Esse ruído dentro do mar invisível são barcos passando 
Esse ei-ou que ficou nos meus ouvidos são os pescadores esquecidos 
Eles vêm remando sob o peso de grandes mágoas 
Vêm de longe e murmurando desaparecem no escuro quieto. 
De onde chega essa voz que canta a juventude calma?
De onde sai esse som de piano antigo sonhando a "Berceuse"?
Por que vieram as grandes carroças entornando cal no barro molhado?
Os olhos de Susana eram doces mas Eli tinha seios bonitos
Eu sofria junto de Susana - ela era a contemplação das tardes longas
Eli era o beijo ardente sobre a areia úmida.
Eu me admirava horas e horas no espelho.
Um dia mandei: "Susana, esquece-me, não sou digno de ti - sempre teu…"
Depois, eu e Eli fomos andando… - ela tremia no meu braço
Eu tremia no braço dela, os seios dela tremiam
A noite tremia nos ei-ou dos pescadores…
Meus amigos se chamavam Mário e Quincas, eram humildes, não sabiam
Com eles aprendi a rachar lenha e ir buscar conchas sonoras no mar fundo
Comigo eles aprenderam a conquistar as jovens praianas tímidas e risonhas.
Eu mostrava meus sonetos aos meus amigos - eles mostravam os grandes olhos abertos
E gratos me traziam mangas maduras roubadas nos caminhos.
Um dia eu li Alexandre Dumas e esqueci os meus amigos.
Depois recebi um saco de mangas
Toda a afeição da ausência…
Como não lembrar essas noites cheias de mar batendo?
Como não lembrar Susana e Eli?
Como esquecer os amigos pobres?
Eles são essa memória que é sempre sofrimento
Vêm da noite inquieta que agora me cobre.
São o olhar de Clara e o beijo de Carmem
São os novos amigos, os que roubaram luz e me trouxeram.
Como esquecer isso que foi a primeira angústia
Se o murmúrio do mar está sempre nos meus ouvidos
Se o barco que eu não via é a vida passando
Se o ei-ou dos pescadores é o gemido de angústia de todas as noites?

Vinicius de Moraes, Cem por cento; BH, 0250102011.

 Vinicius de Moraes, Cem por cento; BH, 0250102011.


Há muita gente que diz coisas belas
Mas essa gente que diz "vai por ela"
Eu que tabém fui por ela, sei disso
Eu é que amei, eu é que sei
Todo despeito que há nisso
Porque pra mim ela foi,
Cento por cento
Nunca deixou de me amar,
Um só momento
Pode falar quem quiser
Mas no meu fraco entender
Ninguém, ninguém foi tão mulher.

Vinicius de Moraes, São Paulo, BH, 0250102011.

 

Vinicius de Moraes, São Paulo, BH, 0250102011.

Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia.

Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e frígida.

Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

JOÃO BOSCO, INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS:

 Dotô

Jogava o Flamengo, eu queria escutarChegouMudou de estação, começou a cantarTem maisUm cisco no olho, ela em vez de assoprarSem dóFalou que por ela eu podia cegar
Se eu douUm pulo, um pulinho, um instantinho no barBastouDurante dez noites me faz jejuarLevouAs minhas cuecas pro bruxo rezarCoouMeu café na calça pra me segurar
Se eu tô (ai se eu tô)Devendo dinheiro e vem um me cobrar (e vem um me cobrar)Dotô (ai, dotô)A peste abre a porta e ainda manda sentar (e ainda manda sentar)DepoisSe eu mudo de emprego que é pra melhorar (que é só pra melhorar)Vê sóConvida a mãe dela pra ir morar lá
Dotô (ai, dotô)Se eu peço feijão ela deixa salgar (e ela deixa salgar)Calor (ai, calor)Mas veste casaco pra me atazanar (só pra atazanar)E ontemSonhando comigo mandou eu jogar (mandou eu jogar)No burro (foi, no burro)E deu na cabeça a centena e o milhar
Ai, quero me separar

a cantar uma música sozinho em telepatia

a cantar uma música sozinho em telepatia
para o universo que por algum momento
para a ouvir depois me mandar estas
palavras domingueiras a música segue o
vento em dança o sol em andança o
sistema está equilibrado em harmonia nós
que estamos desesperados a vida se
evapora a atmosfera vai embora nada
pode salvar o planeta se não quisermos
salvar o planeta a continuarmos com os
nossos desassossegos precisamos
aprender a ouvir o que dizem as estrelas
demais astros que sem percebermos nos 
dão a devida atenção nos nossos tempos
inglórios alguém precisa orar uma oração
aí porém uma oração que salve a nossa
geração que está a ir embora sem salvação
está todo mundo a morrer em vão quem
teve a oportunidade de fazer história fez
história pequena menor do que a do
pequeno príncipe menor do que a do
pequeno polegar ao morrer sem ideia ao
morrer sem ideal só na inexistência na
inépcia na precipitação necessitamos fazer
a oração a fernão capelo gaivota para
juntos salvarmos a geração vindoura a dar
continuidade numa melhor civilização

BH, 0150902024; Publicado: BH, 0160902024.

domingo, 15 de setembro de 2024

senhor manda aí uma chuva que apaga o fogo

senhor manda aí uma chuva que apaga o fogo
mas que não mata o povo pois tomara que a 
chuva que vier não seja assim tão assassina
senhor a fauna a flora as obras-primas das
tuas mãos estão a virar cinzas a natureza a se
transformar de repente numa natureza-morta
dum óleo sobre tela senhor o que fazer para
salvar este planeta que se não cuidarmos
virará um tição fumegão um torrão de carvão?
não há oração que se faça que disperse a
fumaça do homem criminoso do crime
organizado que depois de matar tudo nem
adianta ser condenado então entra em ação aí
chefão manda uma chuvinha miúda mas de
grande duração os indígenas povos das
florestas agradecemos os povos originários
os povos tradicionais os que amamos a terra
agradecemos em uníssonos com um muito 
obrigado cheio de gratidão do fundo do nosso
coração em nome das crianças em nome do 
futuro da vindoura geração que precisa
encontrar a melhor civilização já distante da
estupidez já fora da ignorância já partida da
insensatez já banida de muito da imprudência

BH, 0150902024; Publicado: BH, 0150902024.

para alguns vaidosos é muito alto o preço da vaidade

para alguns vaidosos é muito alto o preço da vaidade
que às vezes é até pago com a própria morte do
vaidoso que não está satisfeito com a sorte ou recorre
ao azar para perder a vida ao encontrar a morte que
acaba por encontrar sem nem procurar muito pois a
morte está sempre à disposição para levar um vaidoso
que não esteja alegre com a própria situação quer
mudar um nariz quer mudar um olho quer engrossar
os lábios quer perder uma barriga endireitar a boca o
queixo até sem a precisão da emergência ou urgência
mas a vaidade fala mais alto o vaidoso dá ouvidos aí
termina por encontrar a morte terminal satisfeita louca
por mais uma vida perdida em vão na vaidade de
vaidades diz o regador tudo é vaidade que nos faz
vítimas com a ajuda das próprias vítimas dos erros
médicos dos procedimentos inadequados das infecções
hospitalares que destroem o vaidoso antes que o desejo
da vaidade seja realizado há muitos vaidosos que
conseguem ter êxitos atendem à vaidade saem
modificados cao a vaidade a seguir na tentação de 
levar novas vítimas ao calabouço pecaminoso ao 
arcabouço fatal donde não sairão nunca mais cada
um com seu livre arbítrio com o seu próprio risco
de alcançar uma falsa perfeição

BH, 070602024; Publicado: BH, 0150902024.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

abrirei meu coração que é um cadeado trancado

abrirei meu coração que é um cadeado trancado
onde nada do que é moderno nada onde nada do
que é novo reverbera no lago morto onde nado 
abrirei meu coração esta esfera matéria-prima de
chumbo grosso derretido raio de descarga de 
estrela já desaparecida corda de enforcado
tangente de renegado abrirei meu coração este
baú de trovão lava de vulcão mão de pilão pano
de chão contramão amor em vão naufrago sem
salvação nau à deriva no olho do furacão no 
peito o abismo é a fossa mais profunda do fundo
de oceano de fundo escuro escondido no
arcabouço no louco calado calabouço pêndulo
fendido ponteiro enferrujado máquina parada
bateria descarregada fechado à visitação pública
este museu do absurdo as obras serão depositadas
no sótão os despojos no porão porém ninguém 
terá autorização para consultar arquivo deste
terror de tortura nem noutra encarnação é que a 
carnadura perdeu a ternura a sensação a emoção 
coração ao mar sem terra à vista sem teto para
morar sem trabalho para o sustentar coração em
situação de rua incapaz sem marquise sem viaduto
sem praia expulso da escola cívico-militar o
chaveiro não conseguiu o cadeado destrancar  

BH, 040602024; Publicado: BH, 0110902024.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

escreves poemas? escrevo escreves poesias? escrevo

escreves poemas? escrevo escreves poesias? escrevo
por que escreves poemas? por que escreves poesias?
escrevo pois é a única maneira que encontro de
combater o capitalismo selvagem o neoliberalismo
predatório a burguesia injusta a elite reacionária a
plutocracia desigual o extermínio dos povos
periféricos o genocídio dos povos desamparados os
bloqueios econômicos do imperialismo assassino
aos países emergentes suas nações independentes
aproveito combato as religiões financistas as igrejas
medievais seus pastores feudais conservadores
inimigos das democracias plenas amplas das
liberdades gerais irrestritas totais és um poeta? não
sou um país uma nação um universo uma palavra
uma constelação uma galáxia quando quero sou um  
buraco negro faminto fominha famélico sou um
quasar uma antimatéria quem quiser que tenha o
livre arbítrio de me chamar do que quiser mesmo
que me acorde do sonho ou do sono ou do pesadelo
porém que não me deixe continuar a dormir tenho à
minha frente toda uma andrômeda para atravessar
mas só tenho estas sórdidas letras estas famigeradas
palavras para carregar nesta viagem sem volta

BH, 0230802024; Publicado: BH, 090902024.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

ao nascer fui amaldiçoado homem

ao nascer fui amaldiçoado homem
de pouca fé desde então minha fé
foi em vão pois ao nascer fui dado
como morto chamado de morto ou
mandado a enterrar meus próprios
mortos como poderia ter dado certo
na minha vida ou na minha morte
ao ser acusado de tantos pecados?
não tive nem a chance de ser julgado
o processo foi instaurado os autos
instalados réu confessado o madeiro
pesado às costas pregado que destino
desconhecido que rumo indefinido
ferido ralado não tive nenhum dom 
restaurado todo danificado até hoje
sinto-me culpado pelo meu passado
não me libertei do velho testamento
não me livrei do novo testamento
aprisionado aos dez mandamentos
tudo que fazia era levado aqui como
se fossem desmandamentos ouvi
não mandas nada nem em ti caias 
em si te queiras a realidade que não
queres a verdade só a maldade toda a
ruindade conhecida te envergonhes do
perdão foges do amor buscas a guerra
enquanto todos querem a paz não queres
quebrar tua maldição acabar o estigma tal
caim que até hoje tem destino desconhecido
aonde vais covarde a fugir de si mesmo?
serás o primeiro a cair em desespero

BH, 0170402024; Publicado: BH, 060902024.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

pastores evangélicos detestam a democracia

pastores evangélicos detestam a democracia
simpatizam-se mais com ditadores ditaduras
generais de coturnos sujos de sangue ou de 
bosta não se importam amam torturadores
quartéis fardas fardões dos anos de chumbo
pastores evangélicos são seres imundos
abençoam fuzis metralhadoras revolveres
estão sempre do lado contrário da história
do operariado da cultura pois a democracia
plena geral irrestrita total desmoraliza os
cristãos armamentistas militaristas milicianos
golpistas terroristas fascistas financiadores
de atos antidemocráticos pois a democracia
expõe evangélicos racistas nazistas aporofóbicos
que cada vez mais são desvalorizados já se 
foi há tempo a época que ser evangélico ou
católico apostólico romano a maior besteira
que já presenciei era a maior referência ou
deferência ou reverência de caráter de respeito
hoje se falar que é cristão católico evangélico
todo mundo já olha desconfiado a sair de 
fininho a evitar a companhia dessas ervas
daninhas totalmente desqualificadas não 
convencem mais saíram dos armários 
tiraram as carapuças as máscaras colocaram
as carrancas as caretas de rancores horrores
terrores ódios raivas colocaram capuzes de
algozes do povo trabalhador brasileiro ou da
nação trabalhadora brasileira ou da democracia 
brasileira referências na alta esfera internacional

BH, 080702024; Publicado: BH, 020902024.