sábado, 30 de abril de 2011

Energia virilidade força carisma; RJ, 0130701981; Publicado: BH, 0300402011.

Energia virilidade força carisma
Magnetismo potência agilidade
Coragem imagem identidade
Presença personalidade
Autoridade são para o
Audacioso impetuoso
Destemido não para o
Reprimido preso amarrado
Fechado preconceituoso
Complexado medroso
Covarde não são para quem
Tem liberdade é livre solto
Recalcado acorrentado neurótico
Psicopata hipócrita idiota absurdos
É até difícil de imaginar mas há
Pessoas iguais assim não têm luz
Vida amor paz valor calor só o
Sangue frio de réptil cheio 
De veneno ódio rancor.

É aprender a ter coragem ação; RJ, 080601981; Publicado: BH, 0300402011.

É aprender a ter coragem e ação
A fazer o que quiser de se meter
De todo jeito em todo lugar fazer
De tudo sem medo de nada sem
Medo de falar quem não aprende
Não tem coragem ousadia audácia
É inibido tímido medroso treme à
Toa à toa ao fazer uma revolução ao
Ser um grande líder para restabelecer
A democracia falar a verdade pregar
A justiça a igualdade a união mas
Quem não nasce para isso nem tem
Raça nem honra ou fé não tem
Esperança não tem paixão passa por
Moleirão um infrutífero inútil um tolo
Não tem voz que seja ouvida por todo
O povo que levantasse o povo o
Levasse à uma revolução

Crio as maiores obras da literatura universal; RJ, 070601981; Publicado: BH, 0300402011.

Crio as maiores obras da literatura universal
Sou universal da humanidade mundano nem
Camões Pessoa Goethe Neruda, Rilke creio
Ninguém creio no que crio sou eu o
Licuri é coco sou meu boi não lambe a
Simplicidade a verdade a realidade a liberdade
O amor a felicidade a rebeldia a revolução
A transformação crio independente de qualquer
Fator circunstancial que gira ao meu redor meto
O pau crio mesmo quando acordo o caso é outro

Tenho a língua solta; RJ, 080601981; Publicado: BH, 0300402011.

Tenho a língua solta
Sei que peixe morre
Pela boca mas não
Estou nem aí falo
Mesmo meto a
Língua meto o pau
Mato a cobra mostro
A cobra não tenho
Medo do que vai me
Acontecer não gosto
De covardia nem
De injustiça sou
Do povo pelo povo
Para o povo não paro
O povo nem deixo o
Povo alerto ao povo
Não iludo ao povo
Não minto nem
Engano não tenho
Freio na goela
Denuncio grito falei
Mato a cobra mostro
O pau sou contra a
Opressão a exploração
Sou a favor da emancipação
Total do proletariado
Do povo humilde fraco
Desamparado abandonado
Sem uma chance opinião
Nada sou livre falo o que
Penso não tenho cabresto
Nem freio na boca tenho
A garganta dilacerada nem
Mesmo a morte pode me calar

Rolling Stones, Lady Jane; BH, 030402011




Tom: D

D                       C                              G                
My sweet Lady Jane, when I see you again
D                  C                               G  D
Your servant am I and will humbly remain
E7/G#     Am                D/7              G
Just heed plea, my love on bended knees, my love
C              Am                       D                      C
I pladge myself to Lady Jane, my dear Lady Anne
                       G  D                         C
I've done what I can, I must take my leave
                       G D E7/G#  Am
For promised I am this play is run my love
D/F#               G                  C                        Am                    D
Your time has come my love I've pledged, my troth to Lady Jane
D                     C                         G  D
Oh my sweet Marie I wait at your ease
                           C                                  G D
The sands have run out for your lady and me
E7/G#         Am              D/F               G
Wedlock is night my love her station's right my love
C            Am
Life is secure with Lady Jane

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Rolling Stones, Angie; BH, 0290402011; ouçam, toquem, cantem, dancem, coladinhos.

     Tom: A                                                                        Introdução: A-  E  E3b  G F  C G3b  A-

A                 E   G                           F4    F          C     G3b
   Angie, Angie, when will those clouds all disapear
A-            E         G                   F4 F              C
   Angie, Angie, where will lead us from here
                    G                                      D                  A
   With no loving in our souls and no money in our coast can't
C             F                        G
   You say we're satisfied
      A           E       G             F4   F                   C   G3b
  But Angie, Angie you can't say we never tried
A                E                G                F4    F                     C  G3b
   Angie, you're beatiful but ain't it time we said goodbye
A-        E                      G                 F4  F                         C
   Angie, I still love you, remember all those nights cried
                   G                                              D-                  A-
   All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke
C                      F                 G
   Let me whisper in your ear
A         E       G                   F4   F                C    G3b
   Angie, Angie where will it lead us from here
          G                                         D                   A
   Oh Angie don't you weep all your kisser still tast sweet
C                        F                     G
   I hate that sadness in your eyes
         A          E      G               F4    F                  C
   But Angie, Angie, ain't it time we said goodbye
                  G                                      D-              A-
   With no loving in our souls and no money in our coats
C                     F                       G
   You can't say we're satisfied
        D-                            A-     D-                                         A
   But Angie, I sitll love you baby, everywhere I look I see your eyes
   D-                                                 A-             C                   F                    G
   There ain't a woman that comes close to you, come on baby dry your eyes
           A        E        G         F4F             C
   But Angie, Angie, ain't good to be alive
   A          E         G             F4  F               C
   Angie, Angie, they can't say we never tried

Desilusão (Modinha XVIII); 9290402011.

Noite vai noite vem como sempre
Estou sozinho sem ninguém como é
Triste a minha vida amarga como fel
Vou sem rumo sem destino sem um
Amor sem um céu dia vai dia vem
Ninguém me chama de meu bem ando
Triste deprimido sou sempre desiludido
Vida vai vida vem um dia sei que
Vou também mas não queria ir sem
Amor por que lá sei que sentirei
Dor só o amor pode acabar com a
Dor que quer me matar

Madalena (Modinha XVII); BH, 0290402011.

Madalena o dia em que foste embora
Não mais voltaste minha vida mudou
O meu mundo acabou a toda hora
Chorava até não vivia mais o sol para
Mim apagou o mar secou a única
Coisa que me restava era a minha dor
Dor aguda infinita chamada Madalena
Não sabes nem me conheces só
Pensas em ir embora me dizes adeus
À toda hora não deixes morrer o mundo
Foi feito para nós a nossa vida foi feita
Para a gente viver não quero nem pensar de
Novamente te perder se estás com a ideia
De partir antes acabes comigo mas com
Amor para ser feliz pelo menos uma vez
Na vida Madalena se fores um dia voltar
Não me procures por que não vais me
Encontrar mas minha alma pelos cantos do
Mundo vai sempre pairar se queres ir então
Adeus Madalena

Uma vez uma morena olhou para mim (Modinha XVI); Publicado: BH, 0290402011.

Uma vez uma morena olhou para mim
Com olhos de luar dum olhar manso
Cheio de paz me deixou encabulado
Sem saber o que fazer uma vez uma
Morena com corpo de deusa do mar
Veio a andar sobre estrelas na boca um
Sorriso do tamanho do universo no
Peito um amor duma beleza infinita
A pele da cor da tarde tarde mansa de
Verão uma vez uma morena veio me
Dar a sua mão me beijou a boca com
Um beijo leve acariciei seu corpo era
Macio como a noite lindo como a lua
Que fiquei junto lhe dei o meu amor
Nunca mais foi embora nunca mais
Fomos embora um doutro nunca mais
Deixou-me nunca mais nos deixamos
Posso dizer que sou feliz que tenho
Que sou amor morena da cor da tarde
Da alma cheia de calor uma vez vieste
No caminho a caminhar para mim para
Fazermos nosso ninho uma vez talvez
Quem sabe a morena nunca mais voltou

Preciso estar contente ao ser necessário (Modinha XV); Publicado: BH, 0290402011.

Preciso estar contente ao ser necessário
Fazer falta existir preciso demonstrar
Estar presente ou do contrário sei que
Realmente não conseguirei mudar ao
Mudar tudo em minha vida ser igual
Ou preciso de amor de mulher ou de
Carinho ou de acreditar ao confiar em
Mim mesmo pois tudo na minha vida
Depende de mim preciso ter paz ter
Pureza pura para isso encontrar tenho
Que saber procurar conhecer amanhã
Posso morrer por isso quero ao menos
Viver pois preciso ser pensar construir
Compreensão compreender para perdoar
Pedir perdão crer ver preciso duma
Alma de ajudar preciso muito de ti

(Modinha XIV); Publicado: BH, 0290402011.

Não tive ninguém que me ajudasse
Não tive ninguém que me apoiasse
Que me ensinasse tudo que sei que
Não sei aprendi sozinho não sei de
Nada não tive ninguém para me
Amar para ajudar-me a compreender
Não tive liberdade nunca tive dinheiro
Por isso sou tão triste sou tão só
Sozinho mas não desistirei de
Procurar um dia sei que vou encontrar
Um alguém que vai me ensinar a viver
A amar a existir não tive ninguém
Para pedir socorro para me dar coragem
Um sorriso ou uma flor sei que ninguém
Tem nada com isso mas sinto mal em
Ficar calado por isso tento esquecer
Minha dor ao pôr ao pôr do sol em minha
Vida inútil um pouco mais de amor

Não quero ser um soldado meu povo (Modinha XIII); Publicado: BH, 0290402011.

Não quero ser um soldado meu povo
Bater no meu povo matar meu povo
Quero carregar uma flor na boca do
Cano do fuzil não quero ser um aviador
Minha gente jogar bombas os céus foram
Feitos para os pássaros não quero ser um
Marinheiro minha mãe os mares foram
Feitos para os peixes não quero ir para a
Guerra nem para o mar nem pelos ares
Poluir os céus nem voar não quero ser
Um soldado meu povo quero é viver
Em paz não espantar os pássaros nem
Os peixes quero é vida amar amor ver
Todo mundo viver seu resto de vida
Em paz não quero ser um soldado meu
Pai nem um aviador minha mãe meu
Povo minha gente quero dar é descanso
À minha mente vida à minha alma cor à
Minha vida quero ter amigos irmãos ser
Feliz com a mulher os filhos ajudar mais pedir
Menos ser um alguém demonstrar fazer o bem

Não tenho mais esperança dum dia te ter (Modinha XII); BH, 0290402011.

Não tenho mais esperança dum dia te ter
Sei que já sabes o que sinto por ti mas não
Queres me amar não queres ser minha sei
Que vai ser difícil encontrar outra igual
A ti vai ser mais difícil ainda tentar te
Esquecer vou ter que sofrer muito para
Poder aprender não amar a mais ninguém
Igual te amei agora tenho a certeza de que
Não serei teu dono mas não faz mal depois
Que tudo passar outro alguém consigo encontrar

Se quiseres saber o que quero de ti (Modinha XI); Publicado: BH, 0290402011.

Se quiseres saber o que quero de ti
É te ver aqui agora comigo nesta
Vida só amo a ti só desejo a ti só
Preciso de ti se quiseres saber o que
Quero de ti é o teu amor nada mais
É que me fazes tanta falta que sem ti
Sou uma alma sem corpo só tu me
Fazes ficar de alma sossegada se
Quiseres saber por que te perturbo
Tanto é por que és só minha

Ângela (Modinha X); Publicado: BH, 0290402011.

Ângela
Não sei por que falo
Tanto em ti não sei
Por que tremo tanto
Quando me aproximo
De ti falei disso contigo
Não me disseste nada mas
Um amigo me disse que
Isso era amor se for amor
Ângela
Quero que confies em mim
Acredites em mim me
Conheças pois sou a única
Pessoa que gosta de ti não
Tenhas medo nem eixes
Que tenha medo só desejo
O teu bem não posso dar
Nada a ti pois não tenho
Nada só tenho a mim quero
Que tenhas prazer ao meu
Lado sintas felicidade
Alegria de estar comigo
Ângela
Não sei por que falo isso
Contigo mas se for amor
Digas alguma coisa por
Favor me mostres o por que
De tudo isso senão vou
Enlouquecer ao ficar louco
Acabo por não ter a ti por favor
Ângela
Sejas meu desejo

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Meu olho de vidro quando te viu (Modinha IX); Publicado: BH, 0280402011.

Meu olho de vidro quando te viu
Quebrou em mil pedaços pois a
Tua imagem era tão bela que
Refletida em meu olho ficou
Louco foi tanta a emoção que
Quebrou caiu no chão minha
Garganta muda num esforço
Tremendo pronunciou teu nome
Minha boca seca tornou-se
Molhada só em pensar de te
Beijar minhas grossas mãos
Começaram a tremer com
Vontade de te acariciar meu
Corpo para dentro do teu logo
Quis entrar minha alma ardente
De amor puro beijou tua alma
Que alegre ficou de mãos dadas
Fomos pelo mundo a andar
Cantar amar beijar meu olho de
Vidro quando te viu de emoção
Riu quase ruiu minha alma se
Abriu em palma iluminou em
Meu peito a alegria que entrou
Todo meu ser era tudo amor com
Um gesto de santa tu me abraçaste
Nos teus jeitos de amar nos cacos do
Meu olho de vidro vi o mundo parar

Beatles, Octopus's Garrden; BH, 0280402011; ouçam, cantem, dancem.




Tom: E

E                C#m
I'd like to be under the sea
    A                                         B7
In an octopus's garden in the shade
E            C#m
He'd let us in, knows where we've been 
      A                                       B7
In his octopus's garden in the shade 
C#m
I'd ask my friends to come and see
A                     B7
An octopus's garden with me
E               C#m
I'd like to be under the sea
    A                     B7               E
In an octopus's garden in the shade
                          C#m
We would be wam below the storm
      A                                         B7
In our litle hideaway beneath the waves
E                    C#m
Risting our head on the sea bed
A                                       B7
In a octopus's garden near a cave
C#m
We would sing and dance around
A                                    B7
Because we know we can't be found


Estribilho


E                       C#m
We would shoult and swin about
         A                                 B7
The coral that lies beneath the waves
(Lies beneath the oceans waves)
E               C#m
Oh what joy for every girl and boy
   A                                        B7
Knowing they're happy and they're safe
(Happy and they're safe)
C#m
We would be so happy, you and me
A                                          B7
No one there to till us what to do
E               C#m
I'd like to be, under the sea
             A                B7         C#m
In an octopus's garden with you
                A         B7       C#m
In a octopus's garden with you
               A          B7            E
In a octopus's garden with you

Giração (Modinha VIII); Publicado: BH, 0280402011.

A roda girava o vento ventava
A chuva caía o céu se abria a flor
Sorria a noite veio clara com as
Estrelas mansas uma lua calma as
Nuvens foram dormir os ventos se
Esconderam só as flores continuavam
A sorrir naquela noite de flores tu
Toda enfeitada de rosas na paz de
Nosso quarto tu eu amei-te me amaste
Eu estava em cada célula do teu corpo
Beijei tua alma o mundo ao nosso redor
Girava sem parar mas nós não víamos
Nada logo mais veio o dia um dia claro
Pacífico o sol bateu de leve em nossa
Porta perguntou se podia entrar tu
Ainda sonolenta abriste a janela para a
Natureza entrar um ar mais leve me
Encheu os pulmões a roda começou
A girar o vento ventava calmo o sol
Iluminava devagar

Amor de Sol (Modinha VII); Publicado: BH, 0280402011.

Dentro do sol que brilha no céu vi uma
Imagem duma mulher de neve que olhava
Para mim meu pensamento não voou pois
Não precisou tive teu amor brilhante teu
Amor de fogo teu amor de sol que beleza
Que é o sol que brilha em teus olhos que
Forte é a luz do teu amor fui a andar a
Subir para o céu tu estás ao meu lado
Entramos para dentro do sol teus olhos
Foram meus não precisei gritar chorar
Quando choveu não me molhei pois
Não estava sozinho tu eras de neve
Mem o sol te derreteu ainda hoje me
Lembro com alegria dos bons tempos
Do nosso amor de sol dentro do sol

Criancice (Modinha VI); Publicado: BH, 0280402011.

Nasci criança o
Tempo pode passar
Os anos podem voar
Tudo pode correr ou
Ocorrer nasci criança
Criança vou morrer
Se todo mundo fosse
Criança que alegria
Que explosão de risos
Escutaríamos à toda
Tora do dia como se
Fosse uma música de
Sinfonia duma orquestra
De filarmonia a mexer
De leve com os nossos
Ouvidos è preciso saber
Para ser igual a uma
Criança que não vê
Maldades sabe olhar
Para as coisas vê
Beleza em tudo
Sou uma criança
Sempre serei criança
Não há nada mais bonito
Do que uma criança feliz
Quero ser feliz quero ser
Criança quero ser bonito
Mas quero que minha
Beleza venha do fundo
Da minha alma infantil

Uma vida para muitas pessoas não é nada (Modinha V); Publicado: BH, 0280402011.

Uma vida para muitas pessoas não é nada
Mas estão enganadas uma vida sem amor é
Sempre uma vida imagines uma vida com
Amor que bom seria se todas as vidas do
Mundo tivessem amor mas por nada chegam
À conclusão que só o amor é a razão é por
Isso que muitos idiotas saem por aí a
Quebrar a cara pelo mundo a fora a falar
Que não têm valor nem são capazes de fazer
O bem viver em harmonia irmandade com
Os seus o que faltava para esses idiotas era
Compreensão amor puro muito amor é isso
Que falta que precisamos uma vida sentada
Num banco banco de prisão a querer liberdade,
Talvez a se arrepender dos atos que fez mas
Para muitos essa vida não presta tem que viver
Na prisão longe do mundo longe da vida sem
Amor calor ou uma palavra de apoio talvez
Até choram em silêncio mas choram vamos
Nos unir levar amor a essas vidas fracas que
Não o sabem encontrar por que estão sempre
Sozinhas não olham o caminho caem no
Abismo uma vida sem amor num abismo
Sem fundo sem cor não deixemos

Olha (Modinha IV); Publicado: BH, 0280402011.

Olha
O sol o mar o céu o ar que vida
Que beleza que amor têm para dar
Olha
A criança o sorriso a cor brilhante a
Querer nos devorar veja as borboletas
Os pássaros não te dão coragem de viver
Então não sabes olhar ver as coisas as
Árvores sinta o cheiro doce o orvalho a te
Molhar a pele o vento leve a te acariciar o corpo
Olha
A vida que tem em tudo
Olha
O amor que tudo quer dar também quer receber
Olha
A mulher que coisa linda só
De pensar em ter uma mulher saber que
Será só minha que poderei vê-la todo dia
Sinto vontade de viver

O amor excede é profundo (Modinha III); Publicado: BH, 0280402011.

O amor excede é profundo
Supera tudo em um segundo
Acaba a crise acaba a guerra
O amor encerra em eterna paz
Alivia a dureza do caminho torna
Mais leve a vida da gente ao
Aumentar os dias de vida acaba
A dor acaba o sofrer deixa o
Amor arder o amor excede é
Agudo arde como o fogo
Erradia tudo ensina o que é bom
Transforma o coração reprimido
Abre qualquer boca em um sorriso
Faz cantar a quem cai ajuda a
Levantar o amor explode com uma
Potência que nem a bomba atômica
Tem igual faça amor é bom vai
Ajudar a não sentir o mal

Vou fazer uma canção bonita diferente (Modinha II); Publicado: BH, 0280402011.

Vou fazer uma canção bonita diferente
Que sirva para alegrar a vida da gente
Fazer um novo amor com o brilho do sol
A pureza da flor inventar uma outra paz
Que seja capaz de acabar com a guerra
Vou ser um novo ser que todo mundo possa
Ver o puro amor irradiador em minha alma
Então cantar a linda canção que acabei de
Inventar, para quem sabe ouvir sabe entender
O coração o que vou dizer pois o silêncio
Será completo ficarei perplexo boquiaberto
Com tanta beleza que vai me elevar me deixar
Solto no ar no novo modo de pensar para que o
Pensamento tenha verdadeira liberdade de voar

Quem quiser na vida subir (Modinha I); Publicado: BH, 0280402011.

Quem quiser na vida subir
É preciso ter amor
Quem quiser na vida vencer
É preciso saber viver
Quem quiser na vida ser alguém
É preciso fazer o bem
Na vida não chorar
O bom é saber cantar

Sorrir tem que florir não sofrer
Saber olhar ver para ser feliz
Para ter paz deixar a guerra
Para atrás

Mas quem quiser ao mundo ajudar
O certo é saber sonhar
O sonho realizar para não ter dor
Fazer tudo com profundo amor

Jesus ensinava olhai os lírios do vale; BH, 0240402011; Publicado: BH, 0280402011.

Jesus ensinava olhai os lírios do vale
Ensino olhai o tempo dai tempo ao
Tempo isso é sabedoria fica mais
Fácil a vida a vitória não ser vencida
Olhai o tempo da janela da torre da
Igreja da cerca da cancela da chancela
Da cancela enquanto é tempo pois
Somos nós que passamos o tempo
Existe há bilhões de tempos antes de
Ser chamado de tempo nós nem
Sabemos se existimos ainda talvez
Nem saibamos existir olho o tempo
Pergunto quantos beijos terei que dar
Para ser alguém? quantas carícias
Terei que fazer em sobrancelhas para
Existir de fato? o tempo não nos faz
De boato pega nossa garupa o levamos
No cangote ou no cacaio na cacunda
Curva nossas costas sem piedade é
Nietzschiano puro verga a mais viril
Coluna tira a virilidade do mais potente
Acaba com a libido da nossa fonte
Deixamos de ser o tempo continua
Domina a todos mas mesmo assim
Gosto olho para o tempo o quero em
Minha companhia quero-o junto
A mim lado a lado carrego-o nos
Ombros para onde for levo-o nos
Braços não consigo abraçá-lo não
Consigo nem segurá-lo nada posso
Fazer para prendê-lo num aconchego
Aí vou aí ai bebo todas depois ai o
Tempo deixa-me embriagado também
Com todas as dores qual Drummond
Com todos os sentimentos do Carlos
Quero imitar os dois o Carlos o tempo
Mas quem sou ninguém sei bem
Que sou o tempo não deixa quer
Enterrar-me nas suas obras dobras
Quer emoldurar-me em confronto
Com o tempo não duro um dia
Quanto mais uma eternidade o
Tempo é eterno olhai-o enquanto
Para nesta tarde de quintal

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Salmo ao deus desconhecido; BH, 0220402011; Publicado: BH, 0270402011.

Este salmo vai para o deus desconhecido
Pois o Deus conhecido já sabemos tudo
Dele sabe tudo de nós o deus desconhecido
Nem temos consciência de que seja deus se
Está vivo ou se está morto mas este salmo
É para o deus desconhecido para todos
Aqueles esqueletos caveiras enterrados antes
Da pré-história esquecidos que só são
Incomodados quando algum arqueólogo os
Desenterram para as nossas luzes ou trevas
Nietzsche já fez uma oração ao deus
Desconhecido o Saramago fez outra aos
Deuses sem fieis faço este salmo ao deus
Desconhecido mas sem muita ênfase sem
Muita questão de querer conhecê-lo como
Penso que também não se move para ser
Conhecido prefere ficar lá no seu escombro
No manto a espiar pelo seu retrovisor para
Ver se enxerga alguma sombra na escuridão
Pois apesar de ser dia com o sol quente é
Penumbra a habitação predileta o latejar
Vegetativo a única luz que o alimenta são
Os spots os reflexos dos flashes as luzes dos
Holofotes dos faróis que cegam mais do que
Iluminam são nestas parcas palavras este
Salmo nestas pobres profanas letras para
Esse deus pobre sem céu sem inferno sem
Vida sem morte este salmo para esse deus
Desconhecido que não nos absolve também
Não nos condena não nos pede penitência
Sacrifícios derramamento de sangue dízimos
Ofertas cultos orações louvores nada não nos
Pede absolutamente nada nem alma nem
Espírito só o silêncio das nossas vozes os
Vazios das nossas cabeças o endurecimento de
Nossos corações o embotamento de nossos
Sentidos sentimentos hipócritas Israel mata
Palestinos balança a cabeça de Leviatã
Diante do Muro das Lamentações amém

Estou só não sabem que estou só; BH, 0220402011; Publicado: BH, 0270402011.

Estou só não sabem que estou só
Não sabem que quero estar sozinho
Não sei para que fazem tanta questão
De incluírem-me em algum contexto
Se estou fora de todos os contextos
Não me incluam em nenhuma tese
Para que querem que os inclua em
Alguma tese? se não sei teorias não
Defendo teorias para que querem
Teorias? deixo as teorias para quem
Serve para mim não serve nada não
Sirvam-me de nada não quero ser
Servido nem faço questão de ser
Servido ouviram ou querem que
Grite bem alto? mas não vou gritar
Bem alto vejam aquelas folhas a
Balançar ali pelo vento falarei
Assim tal qual o vento fala com
Aquelas folhas com as roupas nos
Varais com as palhas espalhadas
Nos quintais com o cisco levantado
Junto com as poeiras movidas pelo
Abanar das asas das moscas dos
Mosquitos que infestam as toalhas
Das mesas os restos das refeições
Os olhos remelentos das crianças de
Aldeias africanas ou das nossas tabas
Indígenas nas nossas reservas invadidas
Desrespeitadas cujas terras são griladas
O poder público por não ser incomodado
A justiça por não ser acionada cruzam
Os braços ainda querem que eu esteja
Com eles eu que quero estar distante que
Quero estar justamente com aqueles que
Eles não estão com eles quero estar
Justamente com os que eles desprezam
Ignoram tratam com toda indiferença

Beatles, Drive my car; BH, 0270402011; ouçam, cantem, dancem.



Tom: D

D7/9+                               G
Asked the girl what she wanted to be
D7/9+               G
She said baby, can't you see
D7/9+                       G
I wanna be a famous star on the screen
       A
But you can do somthing in between
Bm                               G
Baby you can drive my car
Bm                            G
Yes, I'm gonna be a star
Bm                                 G
Baby you can drive my car
          A                    D      A
And maybe I'II love you
D7/9+                             G
I told that girl that my prospect were good
D7/9+                    G
She said baby it's understood
D7/9+                            G
Working for peanuts is all very fine
    A
But I can show you a better time
  Bm
Baby you can drive my car
Bm                           G
Yes, I'm gonna be a star
Bm                                G
Baby you can drive my car
          A                  D        A
And maybe I'II love you
A                           D
Bip, bip, bip, bip, yeh
D7/9+                             G
I told that girl I could star right away
D7/9+                                      G
She said listen, baby I got something to say
D7/9+                      G
I got no car and it's breaking my heart
     A
But I found a driver and that's start
  Bm                               G
Baby you can drive my car
Bm                           G
Yes, I'm gonna be a star
A
Bip, bip, bip, bip, yeh

A morte faz parte da vida; BH, 0250402011; Publicado: BH, 0270402011.

A morte faz parte da vida
Uns vão no nosso lugar
Depois nós vamos no lugar de
Uns mas se não preservarmos
Nem respeitarmos o meio
Ambiente todos vamos duma
Vez só não restará ninguém
Para ocupar o nosso lugar com
O fim das árvores com o fim
Das águas virá o fim do ar
Os pulmões secarão a Terra
Vagará desabitada no planeta
Só pedra nada mais isso está
Para ser contado agora pois
Na época não estará um para
Testemunha nem as de Jeová
A hora é de acordar renovar
O amparo à natureza renovar
A proteção a quem nos garantirá
No nosso futuro tão incerto

Senador Roberto Requião; BH, 0250402011; Publicado: BH, 0270402011.

Lamentável a atitude do
Senador Roberto Requião
Que roubou o aparelho de
Gravação de entrevistas do
Repórter da Band TV fez-me
Lembrar do assombroso tão
Famigerado Antônio Carlos
Magalhães o de triste lembrança
Toninho Malvadeza que governava
A Bahia com mão de ferro onde nem
Repórter nem a liberdade de imprensa
Tinham vez dentro do território da
Bahia ninguém tinha a coragem de falar
Do Toninho Malvadeza nem os novos
Baianos nem os doces bárbaros ou os
Deslumbrados do axé se falassem o que
Não fosse do agrado do ACM corriam o
Risco de perder a vida de encontrar a
Morte nem me lembrava mais desse
Toninho mas a atitude monstruosa do
Requião me traz de volta à memória
Essa figura desprezível desabonadora
Para o Brasil para a Bahia o que foi o
Malvadeza o que estar a ser o Requião
Mas no Brasil com esse Congresso tão
Mal representado que faz até parecer que
Quem foi eleito pelo voto do povo tem
Saudade da ditadura vergonhoso senhor
Senador Roberto Requião o Paraná
Estado tão moderno avançado não
Merece do senhor práticas brutais se
Recebes a aposentadoria como
Ex-governador mais vergonhoso ainda
É daí que vem a falta de saúde
Educação segurança do povo

Antônio Nobre, Poentes de França ; BH, 0260402011.

 - Ó Sol! ó Sol! ó Sol! poente de vinho velho!
Enche o meu copo de S. Graal (deu-me a balada...)
Ó Sol da Normandia! Ocidente vermelho,
Tal o circo andaluz depois de uma toirada!

 - Vós sois estrangeiros, vós sois estrangeiros,
Ó poentes de França! não vos amo, não!

 - Ó Sol, cautela! já a noite se avizinha,
O Padre-Oceano vai, em breve, comungar:
Ó hóstia vesperal de vermelha farinha,
Que o bom Moleiro mói, no seu moinho do Ar!

Ó Sol, às Trindades, atrás dos pinheiros,
A hora em que passam branquinhos moleiros,
Levando farinha pra cozer o pão!

Ó fôrca do Sol-pôr! Ó Inferno de Dante!
Açougue d'astros! ó sabat de feiticeiras!
Ó Sol ensanguentado! ó cabeça falante,
Que o funãmbulo Poente anda a mostrar nas feiras...

 - Que paz pelo Mundo, nessa hora ditosa!
Ó poentes de França! não vos amo, não!

 - Arco-da-Velha, a rir risos de sete côres!
Ó Lua na ascensão! Ó Sol! ó Sol! ó Sol!
Cabeça de Iscariote, entre águias e condores!
Ó cabeça de Cristo, impressa no lençol!

Que paz pelo Mundo nessa hora saudosa
Quando fecha a lojinha da Sra. Rosa,
Quando vem das sachas o Sr. João...

 - Ó Sol! ó Sol! Titã dêste bloco da Terra!
Ó Sol em sangue que ainda pula e arde e cintila!
Ó bala de canhão, tu vens dalguma guerra:
Varaste os corações dum exército em fila!

 - Ó hora em que as águas rebentam das minas...
Ó poentes de França! não vos amo, não!

 - Ó poente verde-mar! ó pôr-do-Sol de azeite!
Ó longes de trovoada! ó Céu dos ventos suis!
Vaca do Ar, a mugir crepúsculos de leite
E roxos e cardeais e amarelos e azuis!

 - Ó hora em que passam môças e meninas
Que, em tardes de Maio, vão às Ursulinas,
Com rosas nos seios e um livro na mão!

 - Ó Sol! ó Sol! Trágico, aflito, doido, venho
À tua saúde erguer a minha taça ardente!
Meus grandes olhos são dois bêbados, e tenho
Delirium-tremens já, Sir Falstaff do Poente!

 - Eu amo os poentes, mas sem agonias,
Ó poentes de França! não vos amo, não!

 - Adeus, ó Sol! chegou a Noite na fragata,
À tua porta os Marinheiros vão bater:
Lá vejo os astros por seus cálices de prata,
Na Taverna do Ocaso, a beber, a beber.

Ó céus tísicos, cuspindo em bacias!
Ó céus como escarros, às Ave-Marias!
Ó poentes de França! não vos amo, não!

                                                               (Paris, 1891.)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Gonçalves Dias, Leito de Folhas Verdes; BH, 0260402011.

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as fôlhas,
Já nos cimos dos bosques rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de fôlhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flôres.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.

Brilha a lua no céu, brilham estrêlas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive, és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertam.

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
Também meu coração, como estas flôres,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acordes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as fôlhas!

Mário Quintana, Da Paginação; BH, 0260402011.

Os livros de poemas devem ter margens largas e
Muitas páginas em branco e suficientes clarões nas páginas
Impressas, para que as crianças possam enchê-los de desenhos
 - Gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores,
Luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças,
Estrelas - que passarão também a fazer parte dos poemas.

Paul Éluard, A Curva de teus Olhos; BH, 0260402011.

Laça-me o coração a curva de teus olhos,
Um grito de dança e doçura,
Berço noturno e firme, auréola do tempo,
E se já não sei mais o que foi a minha vida
É que teus olhos não me viram no passado.

Folha de luz, musgo de orvalho,
Ervas do tempo, risos perfumados,
Asas cobrindo o mundo de clarões,
Barcos cheios do céu e do oceano,
Caçadores dos sons, manancial das cores,

Perfume que nasceu em ninho de alvoradas,
E que escondido está na palha das estrelas,
Como da inocência depende a luz
Depende o mundo de teus olhos puros
E em seu olhar corre meu sangue.

Charles Baudelaire, Spleen; BH, 0260402011.

Quando o céu carregado é uma tampa cobrindo
O espírito que geme em profunda aflição,
E do horizonte em derredor nos faz chegar,
Mais triste do que a noite, um soturno clarão;

Quando, úmida prisão a terra se tornou,
Onde a Esperança qual um morcego aturdido,
Com suas asas vai de encontro aos paredões
E a cabeça batendo em forro apodrecido;

Quando a chuva, seu rasto imenso desenrola
E de vasta enxovia imita a sua grade,
E muda profusão de sórdidas aranhas,
Tecendo sua teia, os cérebros invade,

Se agitam de repente enfurecidos sinos
E mandam para o céu um bramido estridente,
Lembrando espiritos errantes e sem pátria
Que se põem a chorar, gemer teimosamente.

 - E um longo funeral, sem tambor e sem música,
Andando devagar, me invade o coração;
Triste, a Esperança chora, enquanto a Angústia planta
No meu crânio, cruel, seu negro pavilhão.

Victor Hugo, A Festa de Teresa; BH, 0260402011.

...Veio a noite, o silêncio;
As tochas se apagaram;
Na escuridão do bosque as fontes se queixaram;
Na treva, o rouxinol, em seu ninho abrigado,
Cantou como um poeta e como um namorado.
Cada um se dispersou sob as ramas frondosas,
As loucas a sorrir, puxando as cautelosas;
E vão, em direção das sombras, os amantes;
Como num sonho, se pertubam, hesitantes,
Aos poucos percebendo interferir na mente,
Na conversa furtiva, em cada olhar ardente,
Nos sentidos, no peito e na mole razão,
O luar azul que iluminava a imensidão.

Babilak Bah, Dom; BH, 0260402011.

Boneco de barro,
Com lágrimas de menino.
Intui a criação do som
Proveniente da queda d'água.
Alimenta a avidez das letras
Contidas nas partituras dos rouxinóis.
Girassóis abrem um canto de pétalas
No coração ausente da loucura oculta

Pássaros tecem parábolas
Na literatura das águas.

Eça de Queirós, Um Por de Sol; BH, 0260402011.

A tarde descia, calma, radiosa, sem um estremecer de folhagem...
Do lado do mar, subia uma maravilhosa cor de ouro pálido, que ia no
Alto diluir o azul e lhe dava um branco indeciso e opalino, um tom de
Desmaio doce, e o arvoredo cobria-se todo de uma tinta loura, delicada e Dormente.
Nenhum contorno se movia, como na imobilidade de um êxtase.
E as casas voltadas para o poente, com uma ou outra janela
Acesa em brasa, os cimos redondos das árvores apinhadas, descendo a
Serra numa espessa debandada para o vale, tudo parecia ficar de repente
Parado, num recolhimento melancólico e grave, olhando a partida do sol,
Que mergulhava lentamente no mar.

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, Ode Marcial; BH, 0250402011.

                                                                                                  (A Raul Leal)

I

Clarins na noite,
Clarins na noite,
Clarins subitamente distintos na noite...

(É de cavalgada, de cavalgada, de cavalgada o ruído longínquo?)

O que é que estremece de diverso pela erva e nas almas?
O que é que vai alterar e já lá longe se altera -
Na distância, no futuro, na angústia - não se sabe onde -?

Clarins na noite,
Clarin... na noite,
Clari-i-i-i-ins...

É de cavalgada,
É de cavalgada, de cavalgada,
E de cavalgada, de cavalgada, de cavalgada
O ruído, ruído, ruído agora já nítido.

Vejo-as no coração e no horror que há em mim:
Valquírias, bruxas, amazonas do assombro...
São uma grande sombra - conjunto de sombras pegadas que mexe na noite.
Vêm em cavalgada, e a terra estremece duas vezes,
E o coração como a terra estremece duas vezes também.

Vêm do fundo do mundo,
Vêm do abismo das coisas,
Vêm de onde partem as leis que governam tudo;
Vêm de onde a injustiça derrama-se sobre os seres,
Vêm de onde se vê que é inútil amar e querer,
E só a guerra e o mal são dentro e fora do mundo.

Hela-hô-hôôô... helahô-hôôôôô......

                                                                                                                         2/8/1914

II

O#h¬

Ruído longínquo e próximo não sei por quê
Da guerra europeia...
Ruído de universo de catástrofe...
Que vai morrer para além de onde ouvimos e vemos?
Em que fronteiras deu a morte rendez-vous
Ao destino das nações?

Ó Águia Imperial, cairás?
Rojar-te-às, negra amorfa coisa em sangue,
Pela terra, onde sob o teu cair
Ainda tens marcado o sinal das tuas garras para antes formar o voo
Que deste sobre a Europa confusa?

Cairás, ó matutino galo francês,
Sempre saudando a aurora?
Que amos saúdas agora
Qual sol de sangue no azul pálido matutino?
Por que atalhos de sombra que caminho buscas,
Que caminho para onde?
Ó civilizações chegando à encruzilhada noturna
Donde tiram o ponto-de-apoio

E donde partem caminhos curvos não sei para onde,
E não há luz sobre as indecisões...

Deus seja conosco...
Chora na noite a Senhora de Misericórdia,
Torcendo as mãos, de modo a ouvir-se que elas se torcem
No silêncio profundo

Deus seja conosco no céu e na terra,
Ó Deus Tutelar do Futuro, ó Ponte
Sobre os abismos do que não sabemos que seja...
Deus seja conosco e, não esqueçamos nunca
Que o mar é eterno e afinal de tudo tranquilo
E a terra grande e mãe e tem a sua bondade
Porque sempre podemos nela recostar a cabeça cansada
E dormir encostados a qualquer coisa.

Clarins na noite, desmaiando... Ó Mistério
Que se está formando lá fora, na Europa, no Império...
Tropel vário de raças inimigas que se chocam
Mais profundamente do que seus exércitos e suas esquadras,
Mais realmente do que homem contra homem e nação contra nação...

Clarins de horror trêmulo e frio na noite profunda...
E o quê?
Tambores para além do mistério do mundo?
Tambores de quê... dormis deitados, dobres minúsculos sobre o quê?
Passa na noite um só passo soturno do uno exército enorme...
Clarins subitamente mais perto na Noite...
O Homem de mãos atadas e levado entre sentinelas
Para onde, por que caminho, para ao pé de quem?
Para ao pé de quem, clarins anunciadores de quê?
Títiro, a tocar flauta e os campos de Itália sob César Augusto
Ah, porque se armam de lágrimas absurdas os olhos
E que dor é esta, do antigo e do atual e do futuro,

Que dói na alma como uma sensação de exílio?
Títiro a tocar flauta em Éclogas longínquas...
Virgílio a adular o César que venceu
Per populum dat juri...
Um pobre em guerra,
Ó minha alma intranquila...
Ó silêncios que as pontes
Sob as fortalezas antiquissimamente teriam,
Sabeis e vedes que a terra treme sob os passos dos exércitos
Fluxo eterno e divino das ondas sob os cruzadores e os torpedeiros...

Oh o maior horror de terem cessado os clarins,
Que sons indecisos nos traz o que substitui o vento
Nesta profunda palidez dos que mataram?
Quem é que vem?
O que se vai dar?
Quem começa a soluçar na calma noite intranquila,
Meu irmão?
A irmã de quem?
Ó anos de infância
Em que eu olhava da janela os soldados e via os uniformes
E a sangrenta e carnal realidade das coisas não existia para mim!...

Choque de cavaleiros onde?
Artilharia, onde, onde, onde?
Ó dor da indecisão com agitações inexplicáveis à superfície de águas estagnadas...
Ó murmúrio incompreensível da morte como que vento nas folhagens...
Ó pavor certo de uma realidade desenhada pelos espelhos indecisos...

(Lágrimas nas tuas mãos
E plácido o teu olhar
E tu, amor, és uma realidade também...
Ah, não ser tudo senão um quadro, um quadro qualquer...
E quem sabe se tudo não será um quadro e a dor e a alegria
E a incerteza e o terror
Coisas, meras coisas, nada senão coisas sem aonde, mas que percebemos

Lágrimas nas tuas mãos, no terraço sobre o lago azul da montanha
E lento o crepúsculo sobre os cumes altos das nossas duas almas
E uma vontade de chorar a apertar-nos aos dois ao seu peito...)

A guerra, a guera, a guerra realmente.
Excessivamente aqui, horror, a guerra real...
Com a sua realidade de gente que vive realmente,
Com a sua estratégia realmente aplicada a exércitos reais compostos de gente real
E as suas consequências, não coisas contadas em livros,
Mas frias verdades, de estragos realmente humanos, mortes de quem morreu, na verdade,
E o sol também real sobre a terra também real
Reais em ato e a mesma merda no meio disto tudo!

Verdade do perigo, dos mortos, dos doentes e das violações,
E os sons florescem nos gritos misteriosamente...
A gaiola do canário à tua janela, Maria,
E o sussurro suave da água que gorgoleja no tanque...

O corpo...
E os outros corpos não muito diferentes deste,
A morte...
E o contrário disso tudo é a vida...
Dói-me a alma e não compreendo...
Custa-me a acreditar no que existe...
Pálido e perturbado, não me mexo e sofro.

III

Hela hoho, helahoho!
Desfilam diante de mim as civilizações guerreiras...
Numa marcha triunfal,
Numa longa linha como que pintada em minha alma,
Sucessivamente, indeterminadamente,

Couraças, lanças, capacetes brilhando,
Escudos virados para mim,
Viseiras caídas, cotas de malha,
Os prélios, as justas, os combates, as emboscadas.
Archeiros de Crecy e de Azincourt!
Armas de Arras.
E tudo é uma poeira incerta, uma nuvem de gente anônima
Que o vento da estratégia levanta em formas diversas,
E em ondas sopra entre os meus olhos atentos
E o Sol da verdade eterna, e a encobre sinistramente.

Marcha triunfal, onde a um tempo e não a um tampo,
Onde numa simultaneidade por transparências uns de outros,
Surgem, aparecem, aglomeram-se em minha consciência,
Os guerreiros de todos os tempos, os soldados de todas as raças,
A couraças de todas as origens,
As armas brancas de todas as forjas,
As hostes compostas de usos marciais de todos os exércitos.

IV

A Guerra!
Desfilam diante de mim as civilizações guerreiras...
As civilizações de todos os tempos e lugares...
Num panorama confuso e lúcido,
Em quadras misturadas e não misturadas, separadas e compactas, mas só quadras
Em desfile sucessivo e apesar disso ao mesmo tempo,
Passam...
Passam e eu, eu que estou estendido na erva
E só os carros passam, passam - cessam depois para nós mesmos
Vejo-os e o meu espanto nem se sente calmo nem interessado,
Nem os vê nem os deixa de ver,
E eles passam por mim como uma sombra pelas águas.

Ah a pompa antiga, e a pompa moderna, os uniformes dos engenhos de guerra,
A fúria eterna e irremediável dos combates
Os mortos sempre a mesma misteriosa morte - o corpo no chão ( e o que é o
Mundo, afinal, e aonde?)
Os feridos gemendo do mesmo modo em corpos os mesmos
E o céu, o eterno céu insensível sobre isso tudo!

V

Barcos pesados vindo para as melancólicas sombras
Dos grandes olhos incompletos dos arcos das pontes
Enormes escaladas medievais dos altos muros do castelo
(Luzem como escamas os aços dos elmos e das couraças)
E os escudos deitados clamam como goelas fumegantes dos que assaltam
E o súbito desabrochar aéreo das grandes flores amarelas e violentas das granadas.
(Onde o teu cavalo pôs a pata, Átila, torna a crescer erva
E tudo renasce e a vida da natureza cobre
O que fica das conquistas)
Antenas de ferro - capacetes em bico - de Bismarck

VI

As mortes, o ruído, as violações, o sangue, o brilho das baionetas...
Todas estas coisas são uma só coisa e essa coisa sou Eu...

VII

Inúmero rio sem água - só gente e coisas,
Pavorosamente sem água!
Soam tambores longínquos no meu ouvido,

E eu não sei se vejo o rio se ouço os tambores
Como se não pudesse ouvir e ver ao mesmo tempo!

Helahoho! helahoho

A máquina de costura da pobre viúva morta à baioneta
Ela cosia à tarde indeterminadamente...
A mesa onde jogava os velhos,

Tudo misturado, tudo misturado com corpos, com sangues,
Tudo um só rio, uma só onda, um só arrastado horror.

Helahoho! helahoho!

Desenterrei o comboio de lata da criança calcado no meio da estrada,
E chorei como todas as mães do mundo sobre o horror da vida.
Os meus pés panteístas tropeçaram na máquina de costura da viúva que mataram à baioneta
E esse pobre instrumento de paz meteu uma lança no meu coração.
Sim, fui eu o culpado de tudo, fui eu o soldado todos eles
Que matou, violou, queimou e quebrou,
Fui eu e a minha vergonha e o meu remorso como uma sombra disforme
Passeiam por todo o mundo como Ashavero,
Mas atrás dos meus passos soam passos do tamanho do infinito
E um pavor físico de encontrar Deus faz-me fechar os olhos de repente.

Cristo absurdo da expiação de todos os crimes e de todas as violências,
A minha cruz está dentro de mim, hirta, a escaldar, a quebrar
E tudo dói na minha alma extensa como um Universo.

Arranquei o pobre brinquedo das mãos da criança e bati-lhe,
Os seus olhos assustados do meu filho que talvez terei e que matarão também
Pediram-me sem saber como toda piedade por todos.
Do quarto da velha arranquei o retrato do filho e rasguei-o,
Ela, cheia de medo, chorou e não fez nada...
Senti de repente que ela era minha mãe e pela espinha abaixo passou-me o sopro de Deus.

Quebrei a máquina de costura da viúva pobre.
Ela chora a um canto sem pensar na máquina de costura.
Haverá outro mundo onde eu tenha que ter uma filha que enviúve e a quem aconteça isto?
Mandei, capitão, fuzilar os camponeses trêmulos,
Deixei violar as filhas de todos os pais atados a árvores,
Agora vi que foi dentro de meu coração que tudo isso se passou,
E tudo escalda e sufoca e eu não me posso mexer sem que tudo seja o mesmo.
Deus tenha piedade de mim que não a tive de ninguém!

VIII

Que imperador tem o direito
De partir a boneca à filha do operário?
Que César com suas legiões tem justiça
Para partir a máquina de costura da velha?
Se eu for pela rua
E arrancar a fita suja da mão da garota
E a fizer chorar, onde encontrar qualquer Cristo?

Se eu tirar com uma pancada
O bolo barato da boca da criança pobre
Onde encontrarei justiça no mundo,
Onde me esconderei dos olhos do Vulto

Invisível que espreita pelas estrelas
Quando o coração vê pelos olhos o mistério olhar o universo?
Minha emoção concreta, ó brinquedo de crianças,
Ó pequena alegria legítima da gente obscura,
Ó pobre riqueza exígua dos que não são ninguém...

Os móveis comprados com tanto sacrifício,
As toalhas remendadas com tanto cuidado,
As pequenas coisas de casa tão ajustadas e postas no lugar
E a roda de um dos mil carros do rei vencedor
Parte tudo, e todos perderam tudo,

IX

Por aqueles, minha mãe, que morreram, que caíram na batalha...
Dlôn - ôn - ôn - ôn...
Por aqueles, minha mãe, que ficaram mutilados no combate
Dlôn - ôn - ôn - ôn...
Por aqueles cuja noiva esperará sempre em vão...
Dlôn - ôn - ôn - ôn...
Sete vezes sete murcharão as flores no jardim
Dlôn - ôn - ôn - ôn...
E os seus cadáveres serão do pó universal e anônimo
Dlôn - ôn - ôn - ôn...
E eles, quem sabe, minha mãe, sempre vivos, com esperança...
Loucos, minha mãe, loucos, porque os corpos morrem e a dor não morre...
Dlôn - dlôn - dlôn - dlôn - dlôn - dlôn...
Que é feito daquele que foi a criança que tiveste ao peito?
Dlôn...
Quem sabe qual dos desconhecidos mortos aí é o teu filho
Dlôn...
Ainda tens na gaveta da cômoda os seus bibes de criança...
Ainda há nos caixotes da dispensa os seus brinquedos velhos...
Ele hoje pertence a uma podridão órfã somewhere in France.

Ele que foi tanto para ti, tudo, tudo, tudo...
Olha, ele não é nada no geral holocausto da história
Dlôn - dlôn...
Dlón - dlôn - dlôn - dlôn...
Dlôn - dlôn - dlôn - dlôn...
Dlôn - dlôn - dlôn - dlôn - dlôn - dlôn...

X

Ai de ti, ai de ti, ai de nós!
Por detrás destas leis inflexíveis e ferozes da vida
Haverá alguma ternura divina que compense isto tudo?

Ainda tens o berço dele a um canto, em casa...
Ainda tens guardados os fatinhos dele, de pequeno...
Ainda tens numa gaveta alguns brinquedos partidos...
Agora, sim, agora, vai olhá-los e chorar sobre eles...
Não sabes onde é a sepultura do teu filho...
Foi o nº qualquer coisa do regimento um tal,
Morreu lá pra Mame em qualquer parte...
Morreu...
O filho que tu tiveste ao peito, que amamentaste e que criaste...
Que remexera no teu ventre...
O rapazote feito que dizia graças e tu rias tanto...
Agora ele é podridão...
Bastou em linha alemã
Um bocado de chumbo, do tamanho dum prego, e a tua vida é triste...
Receberás um prêmio do Estado.
Dirão que o teu filho foi um herói...

(Ninguém sabe, de resto, se ele foi herói ou não)
É um anônimo pra a história...
"Morreram 20 mil homens na batalha tal."
Ele era um deles...
E o teu coração de mãe sangrou tanto por esse herói de que a história não dirá nada...
O acontecimento mais importante da guerra foi aquele para ti...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mário Quintana, Parece um Sonho...; BH, 0250402011.

"Parece um sonho que ela tenha morrido!"
Diziam todos... Sua viva imagem
Tinha carne!... E ouvia-se, na aragem,
Passar o frêmito do seu vestido...

E era como se ela houvesse partido
E logo fosse regressar da viagem...
 - Até que em nosso coração dorido
A Dor cravava o seu punhal selvagem!

Mas tua imagem, nosso amor, é agora
Menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...

Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a gente diz, então:
"Parece um sonho que ela tenha vivido!"

                                                        1953

Nietzsche, Os maiores acontecimentos; BH, 0250402011.

Os maiores acontecimentos e os maiores pensamentos - mas os
Maiores pensamentos são os maiores acontecimentos - são os
Últimos a serem compreendidos: as gerações que lhes são
Contemporâneas não vivem esses acontecimentos, vivem ao lado.
Aqui ocorre algo de análogo com o que se observa nos astros.
A luz das estrelas mais distantes chega em último lugar até os
Homens; e antes de sua chegada, os homens negam que haja lá... estrelas.
"Quantos séculos necessita um espírito para ser compreendido?" - isso
Também é uma medida, um meio de criar uma hierarquia e uma etiqueta,
Que faz falta: para o espírito e para a estrela.

Nietzsche, Os Tiranos do Espírito; BH, 0250402011.

A marcha da ciência já não é contrariada, como o foi
Durante muito tempo, pelo fato acidental de que o homem viva
Aproximadamente setenta anos.
Outrora se pretendia chegar ao topo do conhecimento durante esse
Espaço de tempo e os métodos de conhecimento eram apreciados
Em função desse desejo universal.
As pequenas questões e experiências especiais eram consideradas
Desprezáveis, buscava-se o caminho mais curto, acreditava-se, uma
Vez que todo esse mundo terreno parecia organizado em função do
Homem, que a perceptibilidade das coisas estava adaptada a uma
Medida humana do tempo.
Tudo resolver de imediato e com uma só palavra - esse era o desejo
Secreto: o problema era representado sob o aspecto do nó górdio ou
Do ovo de Colombo; estava-se persuadido que era possível, no domínio
Do conhecimento, atingir o objetivo, à maneira de Alexandre ou de
Colombo e elucidar todas as questões com uma só resposta.
"Há um enigma a resolver": assim é que a vida se apresentava aos olhos
Do filósofo; era preciso primeiro encontrar o enigma e condensar o
Problema do mundo na fórmula mais simples.
A ambição sem limites e a alegria de ser o "decifrador do mundo" preenchiam
Os sonhos do pensador; nada lhe parecia valer a pena neste mundo se não
Fosse encontrar o meio de tudo conduzir a bom termo para ele!
A filosofia era assim uma espécie de luta suprema pela tirania do espírito -
Ninguém duvidava que esta não fosse reservada a alguém muito feliz, sutil,
Inventivo, audacioso e poderoso - a um só! - e muitos, o último entre eles
Shopenhauer, imaginaram que eram esse só o único.
 - Disso resulta que, em resumo, a ciência ficou até agora para trás em
Consequência da estreiteza moral de seus discípulos e que doravante é preciso
Entregar-se a ela com uma ideia diretriz mais elevada e mais generosa.
"Que importa eu!"
 - Isso é que se encontra sobre a porta dos pensadores futuros.

Tomás Antônio Gonzaga, Lira VII; BH, 0250402011.

Vou retratar a Marília,
A Marília, meus amôres;
Porém como? se eu não vejo
Quem me empreste as finas côres:
Dar-mas a terra não pode;
Não, que a sua côr mimosa
Vence o lírio, vence a rosa,
O jasmim, e as outras flôres.
Ah! socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sôbre os Astros, voa,
Traz-me as tintas do Céu.

Mas não se esmoreça logo;
Busquemos um pouco mais;
Nos mares talvez se encontrem
Côres, que sejam iguais.
Porém não, que em paralelo
Da minha Ninfa adorada
Pérolas não valem nada,
E nada valem corais.
Ah! socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sôbre os Astros, voa,
Traz-me as tintas do Céu.

Só no Céu achar-se podem
Tais belezas como aquelas,
Que Marília tem nos olhos,
E que tem nas faces belas.
Mas às faces graciosas,
Aos negros olhos, que matam,
Não imitam, não retratam
Nem Auroras, nem Estrêlas.
Ah! socorre, Amor, socorre
Ao mais grato empenho meu!
Voa sôbre os Astros, voa,
Traz-me as tintas do Céu.

Entremos, Amor, entremos,
Entremos na mesma Esfera,
Venha Palas, venha Juno,
Venha a Deusa de Citera.
Porém não, que se Marília
No certame antigo entrasse,
Bem que a Páris não peitasse,
A tôdas as três vencera.
Vai-te, Amor, em vão socorres
Ao mais grato empenho meu:
Para forma-lhe o retrato
Não bastam tintas do Céu.

Manuel Bandeira, Voz de Fora; BH, 0250402011.

Como da copa verde uma folha caída
Treme e deriva à flor do arroio fugidio,
Deixa-te assim também derivar pela vida,
Que é como um largo, ondeante e misterioso rio...

Até que te surpreenda a carne dolorida
Aquela sensação final de eterno frio,
Abre-te à luz do sol que à alegria convida,
E enche-te de canções, ó coração vazio!

A asa do vento aflora as camélias e as rosas.
Toda a paisagem canta. E das noites cheirosas
O aroma dos mirtais nos céus escampos.

Vai beber o pleno ar... E enquanto lá repousas,
Esquece as mágoas vãs  na poesia dos campos
E deixa transfundir-te, alma, na alma das coisas...

                                                  Teresópolis, 1906

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Milton Nascimento, San Vicente; BH, 0220402011; ouçam, cantem. (Acústico, Suiça, 1980).


Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
A espera na fila imensa
E o corpo negro anoiteceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
Unhnhnhnh...
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
Lararararairai...