Quando morava na praia
Ficava ao sol a me acobrear
A minha pele queimada
Ficava semelhante ao cobre
Da cor do cobre
Hoje de coração apertado
Semblante oprimido
Rosto torto torcido de pranto
Acamado de tristeza
Não vejo a hora de apressar a alegria
Agachar-me todo dia
Junto à areia da praia
Da cidade do Rio de Janeiro
A saudade só sabe
Acochar meu ser
É um acocho sem pena
É um acocho sem dó
Às tardes em que passava acocorado
A ver o ir vir das ondas
As juntas chegavam a doer
No meu acocoramento eterno
A acompanhar o balanço
Do barulho do mar
Agora estou tão longe
Sem lugar para acocorar
Sinto o açodamento do coração
Na ânsia de voltar
A respiração apressar
O pensamento acelerar
A buscar na memória
Se ainda há lugar na lembrança
Para instigar as imagens
Guardadas na mente
Das belas noites quentes
Nos aterros do Flamengo
Ou lugares diferentes
De qualquer outro lugar do mundo
É um suspiro profundo
Que faz-me açodar
Nunca deixar de amar
As curvas inebriantes
Dos corpos morenos queimados de sol
Com suas tangas sumárias
Das mulheres das beiras das praias
Praias de areias brancas
Da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
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