porém não sou prometeu não roubei o
fogo não roubei nada do sol nenhum
raio só ainda me falta o que a lua ficou
de trazer para mim não abriu a porta
de nenhum de seus quatro quartos me
deixou de fora tive que uivar igual a
um coiote um lobo de pradaria fiquei
com raiva de lobisomem a assustar
donzelas nas passarelas das clareiras
das florestas a culpa não é minha não
cumpriram com as promessas das
profecias que me fizeram aí todo dia
espero o sol sentado no meio-fio aí
toda noite espero a lua na esquina da
rua me vem uma travesti nua a me
enganar com a sua carne crua nervosa
sem tempero que agonia que desespero
que ânsia não tenho dinheiro tenho que
correr no corredor até ao banheiro do
balneário que está mais para carandiru
barrela de plínio marcos panela de
pressão quase acabei numa cela fétida
duma delegacia suspeita repleta de
policiais bandidos assassinos ávidos
pela vida dum sem destino deus
clandestino com alguns trocados me
livrei de ver o sol nascer quadrado
corri para o barraco a lua atrás de mim
entrei na favela os bofes pela goela no
barracão fechei a porta fechei a janela fui
dormir que amanhã é dia de bala perdida
BH, 018012024; Publicado: BH, 070102025.