A brisa tem arte de artista
E escreve em minha pele carícias
Meigas e serenas, deixa tatuagens de
Orvalho e desenhos de sereno; a brisa
É leve como a névoa e faz uma
Performance surrealista, faz um
Movimento de vanguada, uma
Contra cultura e quem não entende
A brisa não entende nada; e nas
Núpcias da brisa com o vento, a lua
De mel é em ritmo de vendaval,
É em embalos de furacão, gozos
De tornados e orgasmos apoteóticos
De noites de carnaval; a brisa não
Tem cadeia, grilhão ou corrente,
Entra em casa de rico e também
De indigente, alegra a todo morto,
Alegra ao vivo, alegra a toda a
Gente; a brisa faz até milagres,
Preserva o são e cura o doente;
Meu coração pulsa pela brisa; meu
Pulmão sofre de ansiedade e a brisa
Me envolve nua, sussurra aos meus
Ouvidos, sou tua, e a possuo
E a brisa me possui, e sofro, pois a brisa
Não é fiel e imagino que tenha
Infinitos amantes; mas quando
Chega a minha vez é só
Minha, e sou só da brisa, e somos
Um só no universo, um só movimento,
Sinfônico filarmônico harmônico
Sincronizado no vale da sombra
E no vale da luz; a brisa
Chicoteia minhas costas pois sou
Seu escravo, e soca minha face
Pois sou seu sparring, e o que mais
Importa, é que depois da sova, fico
Maior, mais gostoso tal um
Bolo saído do forno.
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