Desde menino sempre fui a encaipirar-me
E de muita calamidade em tudo;
No rio, afogava no lugar mais raso;
Nas brigas de rua, era o primeiro a
Apanhar; era cego na enargia; morto na
Descrição viva e obscuro no quadro literário;
Não sabia calear uma mentira; caiar uma
Verdade; cobrir com caliça um segredo;
Era logo descoberto antes de encaliçar
Qualquer fato e pagava o pato; e sofria
O mico de uma boa sova, por qualquer
Motivo; nas festinhas, era encalhação,
Um encalhamento só, e nem por dó
As meninas dançavam comigo; fui
Encalhe sem namorada, até depois
Da adolescência; era o mais vexado
Da turma; o mais acanhado e de todos
O mais constrangido e encabulado;
Nunca passei de encabroado, teimoso
Na estupidez e pertinaz na burrice;
Cabeçudo no entendimento, para mim
Era duro e hoje, às vezes, ainda é denso
Entender uma coisa; sofria de alopatia,
Olhava a enantiopatia no combate a mim
Mesmo e nem entendia o enantiopático;
Como se fosse um enanto, planta da família
Das Umbelíferas, videira brava; meu olhar
De puro atentado ao pudor, nada tinha
De esterilizante, pelo contrário, infeccionava
O que esterilizava; e danifica o que é
Esterilizado e submetido à esterilização; e
Destrói o esterigma, pedicelo que sustenta
O basidiospório nos cogumelos da ordem
Dos Basidiomicetes; desde menino, lembro
Bem, toda esteganografia, como a escrita
Em cifra ou caracteres convencionais,
Desde o grego steganos, o culto, e graphein,
Escrever dos tempos idos, dos dissabores
Por mim sofrido e tal um estenografo,
Com conceito estenográfico, deixo lavrado,
Aqui, este desabafo secreto, este grito
Escondido, com sentido de teor coberto,
Um estégano desconhecido, que nunca
Terá estenia, nem força e e nem exaltação,
Mesmo que seja o único a acreditar,
O único a saber que trago um passado intragável.
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