Enfim na minha morte
Estarei com a sorte e libertarei
As águias de dentro de mim;
São muitas as águias, harpias,
Falcões e gaviões, urubus-reis,
Aves de rapinas rainhas;
Enfim, na minha morte,
Morrerá o azar de dentro de mim,
E só as aves da sorte, os
Abutres caçadores e os urubus
De torres de igrejas; essas aves
Voarão de dentro de mim,
Depois de escondidas por eternidades,
Terão paz agora e não mais
Os restos e desertos do meu ser;
Agora serão livres para voar, terão
Serranias, cercanias e não mais as
Prisões do meu coração; aleluia,
Enfim na minha morte,
Não terei mais falsos aplausos de
Falsas plateias; não terei mais
Os apulpos e as vaias dos falsos
Amigos, e minhas aves de estimação
Terão direção, pousarão em boas
Mansardas, descansarão à sombra
Dos pinheirais, e pisarão de mansinho,
Como pisa minha sombra nas
Estradas tranquilas e frescas das
Paragens, aonde andaram meus pés,
Ásperos e duros, a quebrarem seixos,
E a esturricarem torrões; as aves farão seus
Ninhos e voarão ao redor de mim,
Velarão meu corpo, agora um jardim.
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