Aviltado na sua altiva glória, ao fundo
Da jaula, cisma o leão numa atitude quêda.
No olhar, que em força e brilho outro não há que o exceda,
Perpassa-lhe a visão de um sonho moribundo!
De súbito, porém, erguendo-se iracundo,
Morde a grade e, porque esta à fúria lhe não ceda,
Ao recôndito fel de ânsia espumante e azeda,
Urra sinistramente apóstrofes ao mundo!
Aquieta-se, outra vez; parece que lhe resta
Uma esperança. E à ideia hostil do seu destino,
Corre a jaula, sondando-a, então, fresta por fresta.
Urra agora do horror fatal daquele encêrro!
E a turbamulta ri, vendo o rei da floresta
Na desesperação de um cárcere de ferro!
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