Por que razão, quanto mais compreensível se tornou o mundo,
Mas foi diminuída toda espécie de solenidade?
Teria sido porque o medo foi tão frequentemente o elemento
Fundamental dessa veneração que se apoderava de nós diante
De tudo o que nos parecia desconhecido, misterioso, e nos
Levava a nos prosternar e pedir graça diante do incompreensível?
E pelo fato de nos termos tornado menos receosos, não teria o
Mundo perdido para nós seu encanto?
Ao mesmo tempo nossa disposição ao temor, nossa própria
Dignidade, nossa solenidade, nossa própria aptidão a aterrorizar
Não teriam diminuido?
Não estimaremos talvez menos o mundo e a nós mesmos, desde
Que temos, a respeito dele e ao nosso, pensamentos mais corajosos?
Viria talvez um momento, no futuro, em que essa coragem do
Pensador tivesse crescido tanto que tivesse o supremo orgulho de se
Sentir superior aos homens e às coisas - em que o sábio, sendo o
Mais corajoso, seria aquele que se visse a si mesmo e a existência
Completa abaixo dele?
- Esse gênero de coragem que não se afasta de uma excessiva
Generosidade tem até agora feito falta à humanidade.
Ah! os poetas não queiram tornar-se novamente o que foram talvez
Outrora: visionários que nos dizem alguma coisa daquilo
Que é possível!
Hoje, que lhes retiramos das mãos e que é necessário sempre mais
Lhes retirar de suas mãos o real e o passado - pois já passou o
Tempo em que inocentemente se cunhava moeda falsa! - deveriam
Nos dizer alguma coisa daquilo que toca as virtudes do futuro!
Ou das virtudes que não existirão nunca na terra, embora possam
Existir em alguma parte do mundo - as constelações purpúreas
E as imensas vias lácteas do belo!
Onde estão vocês, astrônomos do ideal?
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