quarta-feira, 2 de março de 2011

O cérebro; BH, 01801202001; Publicado: BH, 020302011.

O cérebro que trago dentro do crânio, por não
Servir para pensar, segue a enverrugar-se, a criar verrugas
E não pensamentos, dentro da cabeça; é tão deficiente,
Que provoca o envesgar do olhar e a tornar cada vez
Mais vesgo, cada um dos olhos que trago acima
Do nariz; para envessar uma ideia, por mais
Simples e singela que seja, é o maior
Sofrimento; para por o avesso, do que está dentro
De mim, ao conhecimento de alguém, é outro
Tormento; é um envesso simplório e parece amarrado
E não querer vir para fora; se algum dia, eu
Servir para ser um enviado, me verei sem sentido
E sem direção, um mensageiro sem razão ou ainda
Encarregado de negócios tenebrosos, que não consegue
Nem enviar um recado; endereçar uma correspondência,
Remeter um telegrama e mandar mensagem inteligente
Ou missão de alto nível; dizer que juro, que tentei
Esforçar-me, ninguém acreditará; jurar que passei
A vida a empenhar-me com dedicação, todo
Mundo verá que é mentira; não sou de envidar
E desde o envide, da parte do cordão umbilical,
Que fica ligada à placente, que nasci sem
Reação; não sei revidar, nasci na preguiça;
Minha alma é de um envidraçamento embaçado,
E ao envidraçar meu telhado, fiquei sem teto,
Pois, ao guarnecer de vidros e vidraças, não pude
Arremeter-me do meu aéroporto e ao enviesar o avião,
Numa manobra arriscada, onde tentei cortar obliquamente
Rente aos obstáculos, fui portanto de viés, que perdi o
Meu avião; não salvei a aéronave; mas não
Foi por acharem que fui envilecer-me; todo mundo
Diz que faço as coisas para aviltar-me; não é
Bem assim; esse envilecimento, já trago comigo
Antes de envinagrar minha vida; fiquei a
Azedar com vinagre sem fazer nada; vivo para
Irritar-me e irritar aos meus primatas; é neste
Envio, que tento reestabelecer-me; ao enviar à raça
Humana estas linhas, é para reeguer-me, voltar à
Remessa dos incluídos no seio da humanidade e
Não ao grupo dos que querem enviuvar; não quero
Tornar-me viúvo do ser humano; quero é enviveirar,
Criar em viveiro, uma arca de Noé e assim salvar
Todos os animais que têm os mesmos problemas que eu;
Eu que já sobrevivo entre esse povo, a quase
Meio século, tenho que continuar a agradecer,
Para poder manter a esperança de não ser expulso
E de não sofrer mais no meio de tanta gente;
No intervalo de tempo certo, farei tudo para não
Fazer nada errado; quero somar no número de
Elementos que existem dentro desse povo; manter
Sempre entreaberto o diálogo, mas sem deixá-lo
Pouco aberto e assim entreabrir sempre e não só
Abrir um pouco, para começar a desabrochar na filosofia
E a descerrar o sonho de florescer no entreato,
No intervalo entre dois atos de um espetáculo
Teatral, clássico e nobre, obra-prima que nos
Faz esquecer o entremez que vivemos e a farsa
Teatral de curta duração, pela qual temos que
Entrebater e às vezes até digladiar entre nós ou
A levar outrem a debater-se em vez de todos lutarem
Juntos pela vitória nesta guerra; quero por um fim
A este entretexto; o dia em que este enredo de drama
For encontrado, que ele seja útil e não inútil e fútil;
Que seja um romance entregue em elucidar ou um
Filme, dado por entrega, aplicado e que deixe o homem
Absorto no seu entrelaçamento da própria consciência
E a aprender a vincular a existência ao universo; a ligar os
Pés à terra do planeta; e a entretecer ao crescer com a paz e
Unir com laços de amor todas as nações, e entrelaçar
Para luzir francamente, afastar as trevas quando principiar a
Luzir e entreluzir sempre entre o aquém e o além do homem...

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