Todo dia quero dar à luz a
Um filho, à uma filha, a um
Rebento qualquer; toda noite quero
Ter uma mulher diferente, mas
Que seja a mesma mulher; meus
Braços estão vazios e meu peito implora
Um peito para repousar; preciso
De um sonho, um sono tranquilo,
Mesmo que não venha dormir;
Vejo um céu assim e deprimo-me,
Quero pari-lo, quero ser seu pai
E não deixá-lo órfão, adotá-lo; e
Não deixá-lo pagão, batizá-lo;
E colocá-lo entre os meus filhos;
Sinto um universo assim e quero
Amamentá-lo, sinto o infinito vagir
E só estou para nascer; também vou
Ser filho, necessitar de leite e
Mel, necessitar de pai e mãe,
De água de regato, de sombra
De fonte de oásis em deserto
Bravio, comer tâmaras e damascos,
E refrescar em beijos de bocas
De odaliscas singelas a dançarem
Nas pontas dos pés e a requebrarem
E quebrarem os quadris nos
Ritmos das batidas aceleradas do
Meu coração, este trem de alta
Velocidade desgovernado, que
Guiado pelo destino, não para
Em nenhuma estação; só nas
Maternidades sobrenaturais,
Nos berçais dos fantasmas, para
Dar a luz a seus filhos, todo dia
E às suas filhas, toda noite,
Onde fica a incubadeira dos
Recém-nascidos.
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