Anoiteceu e o anoitecer é sempre triste
Mas se a lua cheia vem,
Como a tristeza tem lugar? a
Noite é o lugar da lua, e se
Possível, a lua cheia, prateada,
Banhada de ouro branco e que
Nos traz o fim da tristeza; uma
Noite assim, nos confins dos rincões,
Uma boa viola para dedilhar,
Uma alma para amar, fazer carícias,
Beijar sem descuidos, cuidados,
Mistérios ou segredos; uma alma
Assim, dessas que vagam pelas
Névoas da noite, dessas que só
As fímbrias conseguem mostrar,
E nos faz apaixonar por coisas
Impossíveis, tais como querer
Abraçar a lua, beijar a face do
Sol ou passear pelo infinito
De mãos dadas com a mulher
Amada; anoiteceu, mas
Não quero chorar de tristeza,
Quero todos os caminhos iluminados
Por pirilampos, as estradas prateadas,
Os rios que nos atraem para suas
Águas e nelas pulamos para irmos
Atrás da lua, nós os enluarados,
Os lunáticos, sofredores dessa
Dominação; nós cobaias dessa
Civilização lunar; os escravos
Dessa rainha, que penetra em
Nosso espírito e revoluciona
A nossa matéria ectoplasmática;
Nós, os fantasmas embriagados, os
Bêbados pela poesia que ela nos impõe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário