quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ciro Costa, O Escravo; BH, 0130402011.

Do taquaral á sombra, em solitário furna,
(Para onde, com tristeza, o olhar curioso alongo)
Sonha o negro, talvez, na ecuridão noturna,
Com os límpidos areais das solidões do Congo.

Ouve-lhe a noite a voz tristíssima e soturna,
Num profundo suspiro, entrecortado e longo;
É o rouco, surdo som, zumbindo na cafurna,
É o urucongo a gemer na cadência do jongo.

Bendito sejas tu, a quem, certo, elevemos
A grandeza real de tudo quanto temos!
Sonha em paz! Sê feliz! E eu que fique de joelhos:

Sob o fúlgido céu a relembrar, magoado,
Que os frutos do café são glóbulos vermelhos
Do sangue que escorreu do negro escravizado.

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