Na encosta da montanha, a fronde do árvoredo
Se inclina adormecida, ao bafejo da brisa:
Repousa, no sereno, o pássaro silente;
Do céu dourado a luz, na vaga azul, desliza.
Em torno aos boqueirões, nas alturas selvagens,
Os caminhos apaga a mole cerração;
A lua, triste, envolve as sombrias folhagens;
O rumor dos mortais não se ouve na amplidão.
Mas chora a enorme voz das altivas florestas.
Na praia, o mar ao longe o seu canto desata,
E, aos céus, que a noite aclara, a ventania leva
Os cantos do oceano e os suspiros da mata.
Subi, santo rumor, palavra mais que humana,
Que terra e céus ligais, com suave murmurinho.
Subi e perguntai às estrelas serenas:
"Para vos alcançar, sempre existe um caminho?"
Mar, bosque, do mundo voz piedosa,
Sempre me respondeis, no meu pobre penar:
Sempre me sossegais a tristeza infecunda,
E, no meu coração, não cessais de cantar.
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