segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Palavra tem força é esfuziante; BH, 0190220230260802001; Publicado: BH, 0110402011.

A palavra tem força e é esfuziante,
Tem fé que esfuzia, é sibilante, tem paixão
E sentido; a palavra sabe esfuziar, sibilar como
O vento e zunir como a esperança na alma e
No espírito e no cérebro do ser; a palavra, às
Vezes, vem para arranhar; para ferir o coração como
Se fosse com gadanhos; mas nem sempre 
Quer nos esgadanhar; a palavra torna o homem
Claro ao desguedelhar o espírito dele; o bem da
Palavra é que não deixa a treva esgadelhar
A luz; de que vale ser esbelto e magro, ser como um
Galgo, esgalgado na aparência e não ter palavra?
A palavra tem ramo e raiz; ela vem para esgalhar
O pensamento; fazer a esgalha do raciocínio e ainda
Desgalhar a razão, dividir a virtude em galhos e
Em ramos, esgalhar para que todos possam beber da
Água da mesma fonte do saber e da inteligência;
A palavra é um esgalho; às vezes sebento vegetal bem
Pouco desenvolvido; de outras, ramificação dos galhos
Do veado; quando é dura, causa tosse convulsa
E estrangulação; e quando é árdua, esgana,
Causa fúria de esganação, causa o esganar da ira,
Avidez de raiva e sofreguidão; a palavra tem
Peso e não deixa o ser esganar-se; impede que
O navio venha a desviar-se da rota e a ovelha a
Desgarrar-se do rebanho; diante de um bom
Palavreado, o descuidado, fica esgazeado; os
Olhos ficam inquietos e arregalados; pois que
A palavra tem direção certa; não é igual a vida
Que é só vegetativa: comer, beber, cagar, dormir,
Acordar, passear com o celular amarrado na cintura,
Desfilar de carros pelas avenidas e ruas asfaltadas;
A vida é só o tempo perdido, diante do computador,
A pesquisar na internet, a melhor maneira de
Encher a cabeça oca, vazia, cheia de vácuos vãos; já a
Palavra não, causa espanto e medo ao covarde,
Deixa o ousado esbranquiçado; pois, quem sabe,
Com uma só palavra, pode esgazear o ignorante,
Tornar claro o estúpido e desmaiado o rude;
E tira o volver de olhos com expressão desvairada
Do arrogante que não conhece o peso da própria
Palavra, que fala como um esgotadouro e ainda
Escreve como o que corre dentro de um cano
De esgoto; a palavra empregada indevidamente,
Causa no ser a esgotadura e o esgotamento
Do espírito, o esgotar da alma e o depauperamento
Do ser e a extenuação da mente; nós temos que
Aprender a tirar toda a compreensão da palavra
Até á última gota e pela palavra consumir, gastar
Todo o nosso fosfato e exaurir todas as nossas forças,
Aplicar com empenho a coragem, cansar a
Estupidez e mandar para a vala e tubulação,
Por onde tem saída líquidos e dejeções; em
Suma, mandar para o esgoto, todas as nossas
Dúvidas, incertezas, fraquezas e superficialidades
E depois disto, o mais difícil é esgravatar toda
A mentira; arranhar toda e qualquer falsidade
E procurar limpar com as unhas ou mesmo com um
Objeto fino e pontudo a sujeira que está por debaixo
De nós; o mais difícil é esmiuçar a realidade;
É uma esgrima, um jogo mortal de armas brancas;
Não um ato de esgrimir esportivamente; não um praticar
De esgrimidura só por vaidade, e sim o discutir
Conforme certas regras, que o esgrimista, pessoa que
Esgrima com perícia, desconhece totalmente;
Elegância, abre o olho, não é ser esgrouviado ou ter
O ufanismo de um esgrouvinhado, a vaidade, e 
Muito menos ser magro e alto como um grou; elegância
É a palavra; a memória sem ambição; a lembrança
Fora do orgulho e da inveja e também da cobiça;
A palavra não tem teor de esfuminho, de rolo de
Pelica ou papel aparado em ponta, para sombrear
O desenho e a silhueta, a penumbra, a esfumar
Na escuridão, a desenhar as criaturas da noite a
Desfazerem-se em fumo e a desaparecer lentamente
Esfumado, com as sombras esbatidas; recorra à
Palavra que não deixa perder o entusiasmo; não
Deixa desanimar o calor e nem arrefecer o ânimo;
E debanda o frio e impede então o esfriar do calor;
O esfriamento não faz parte da palavra, nem no seio
Das geleiras seculares que formam as calotas polares;
Ao roçar nos ouvidos, faz coçar-se os tímpanos e friccionar
Os mecanismos que a conduzem pelo interior
Dos nossos labirintos; e ao esfregar a palavra no
Nosso entendimento, é mais do que o passar repetidas vezes
A mão ou outro objeto sobre uma superfície
Para limpá-la ou um corpo para acariciá-lo;
A salvação da humanidade, está, então, no
Esfregão que é dado nela com uma dada
Palavra e não com um trapo usado pelo esfregador,
Pela escova que usa na esfrega; e não será por qualquer
Esfregadela; não será ligeiramente, numa esfregação
De surra, de repreensão e sim trabalho árduo, infinito,
Ato contínuo, mas que não seja para reduzir a frangalhos
A raça humana e nem esfrangalhar o homem que queira
Trabalhar com afinco e tornar-se um forte pela
Palavra, ao animar a vida sem receio da morte
E estimular o amor que dá força a alguém para
Que consiga a paz, mesmo que tenha de se esforçar
Para isso, e ser um esforçado diligente, pessoa que , mesmo
Sem grande capacidade, não poupa esforços para
Cumprir os seus deveres; hurra por esfomear de
Justiça, e não quer comida; uiva por esfaimar de
Indignação que causa a injustiça, e não quer pão;
Segue faminto pela virtude; só tem fome é de
Liberdade; é um esfomeado, mas em busca da verdade;
E quando encontra a mentira, demonstra-se
Esfoliativo, e a esfolia sem pensar; destrói a mentira
Com a força da esfoliação, que faz separar facilmente,
Em folhas e em lâminas, e mais rápido do que o
Esfoliar do aço: é este o efeito da palavra: queda e
Separação das cascas secas das árvores de parte dos ossos
E da pele; a palavra é a necrose da carne; e
Quem não a detém é a putrefação.

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