domingo, 19 de junho de 2011

Fui apedrejado em praça pública; RJ, 0130501997; Publicado: BH, 0190602011.

Fui apedrejado em praça pública
Todas as pedras foram lançadas em
Cima de mim numa lapidação me vi
Ser enterrado vivo a levar pedradas
De todos os lados já a cabeça aberta
Em fraturas a mostrar o cérebro tudo
Mais não vi mais nada depois da
Última pazada de terra no meu rosto
É uma agonia ser enterrado vivo
Apedrejado assim em praça pública
Uma turba em fúria a disputar
Loucamente cada punhado de terra
Areia pedra para jogar em cima de
Mim pensei que iam fazer uma alicerce
Mas era o meu enterro num último
Relapso tentei recordar o que teria feito
Para merecer castigo assim ou mais do
Que um castigo afinal ser enterrado vivo
Do jeito que estou para ser cheio de pedras
Na cabeça é muito mais do que morrer
De novo é mais do que nascer morto é
Mais do que não ter nascido desde quando
Nasci? se é que se pode dizer que ocorreu
Comigo nascimento com pedras pedaços
De concreto dentro da caixa de maça
Cinzenta a pensar que tinha cérebro foi
Então que percebi que não podia pensar
Dentro duma tempestade de pedras

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