terça-feira, 16 de agosto de 2011

Abri o peito na calçada no meio-fio; RJ, 0110501981; Publicado: BH, 0160802011.

Abri o peito na calçada no meio-fio
Em frente ao sol do meio-dia botei
As vísceras na estrada deixei as
Tripas no caminho enchi de barro
Minhas entranhas de fogo ferro
Aço meu próprio organismo
Encimentei meu pensamento
Encaixotei as minhas ideias
Bati no liquidificador minhas
Carnes podres meu sangue
Minhas fezes espermas bebi
Meu suco apodrecido não me
Contentei pois não me encontrei
Ao me procurar não me achei
Entre os achados de perdidos
Da vida da morte não me libertei
Nem me liberei muito pelo
Contrário mais afundei no meu
Mar de lama na minha podridão
De nada adiantou dilacerar minha
Garganta assombrar meu peito
Lançar meus gritos de morte
Em frangalhos de sul a norte
Flagelei-me me torturei paguei
Todos os preços suportei todos os
Pesos castiguei-me me arruinei
Não consegui uma migalha sequer
De amor de paz não recebi o troco
Não fui feliz nunca mais de novo

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