quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Não tenho ganhado para viver; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Não tenho ganhado para viver
Adquirido pelo menos para comer
Não aquisto nem para sobreviver
Como gostaria dum dia
Adquirir por minha própria conta
Ganhar por meu próprio suor
Granjear sem precisar de ninguém
Aquistar sem ajuda alheia
Minha profissão é própria
Para a aquisição de nada
Não tenho poder aquisitivo
Nem o direito do desejo aquiritivo
O desejo de aquirir alguma coisa
Adquirir algo para meus filhos
As letras que deixo
As linhas que ficam por herança
Não têm poder aquiridor
Não se adquire nada com elas
Não têm efeito adquiridor
Tudo que deixo
Para aquinhoamento
Tudo que tenho para aquinhoar
Para repartição distribuição em
Quinhões são as palavras que levo
Marcadas aqui neste papel
Nego sortes nego partilhas
Tudo de aquinhoador todos sabem
Não serve para ser aquinhoado
Partilhado por quinhão
Gratificado pago em poesia
Desde os tempos de Balzac
Toda a sociedade já corria
Dos poemas das poesias
Quanto mais provinciano aquilonal
Mais a sociedade queria aquilonar
Cada vez mais ao poeta mendigo de luz

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