segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Euclides da Cunha, A rir; BH, 02101102011.

Eu já não creio mais... sombrio e calmo enfrento
- O lábio ermo da prece; o peito ermo da crença -
        A estrela - rubra e imensa
De meu destino atroz, aspérrimo e sangrento!...
E embora sobre mim flamívoma suspensa
Em minh'alma os clarões fatais ela concentre
Eu suporto-lhe bem o flamejante baque
- Altivamente calmo - entricheirando-me entre
        Uma canção de Byron
        E um cálix de cognac...
- Não há dor que resista ao som de uma risada! --
        Depois - se me exacerbo
E tremo e choro erguendo a prece à alma magoada
Mais me dói essa dor, mais esse mal é acerbo!
Assim - eu resolvi, indiferente e frio
Cheio de orgulho e spleen - como um banqueiro inglês!
Sepultar na ironia o pranto meu sombrio...
Por isso quando atroz na triste palidez
De minha fronte paira amarga ideia - eu rio!...
        E quando pouco a pouco
Essa ideia me abate e vence-me alterosa
De amargores repleta - eu rio como um louco...
E se ela inda dói mais e forte e tenebrosa
Sói a último ideal de minh'alma aniquilar
        E vencer-me de todo
Então - eu me ergo mais - e desvairando o olhar
        - Divinamente doido -
Eu rio, rio muito e rio - até chorar!...

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