Falta de dinheiro
Rio de Janeiro
Preciso arranjar dinheiro
Tenho que dar um jeito
Arranjar algum dinheiro
A me virar de qualquer maneira
Entrar em ação
Dar uma volta no quarteirão
Não posso ficar aqui
Plantado no mesmo chão
Tenho que dar um jeito
Arrumar um feito
Dar um tombo
Um escorregão
No jeito desta vida
Não posso continuar
Tão duro assim
Sem dinheiro sem nada,
Sem trabalhar sem estudar
Que malandro que sou
Preciso abrir os olhos
Não pode ser possível
Não pode ser verdade
Que de repente vou morrer
Sem um centavo no bolso
Cair na calçada
Ir para o Instituto Médico Legal
Ficar alguns dias no gavetão
A esperar reconhecimento
Solicitação do corpo
Que não aparecem
Então vou ser enterrado como indigente
Ou ficar no gelo ou no formol
Para servir de pesquisa de estudo
Creio que meu cadáver
De tão podre que se encontra
Não servirá para pesquisa
Nem servirá para estudos
A deixar de lado este velho corpo
Sem utilidade sem assunto
O negócio mesmo
É arranjar dinheiro;
Neste meu Rio de Janeiro
Se aparecesse alguém,
Com um vintém
A querer me comprar
Mas quem
Até me venderia Judas
Por qualquer dinheiro
Não posso é continuar
Nesta pitimba assim;
Tenho que revolver a cabeça,
Não no revólver
Sair deste estado vago
Tentar preencher o lugar
Que me cabe no espaço
Não posso é continuar
A padecer sem um tostão no bolso
Antes de mais nada
Antes de tudo
Tenho que me arranjar
Preciso me arrumar
Algum dinheiro emprestado
Ou roubado
Para poder sobreviver
Não posso é sofrer
Não posso é morrer
Com esta falta de dinheiro
No Rio de Janeiro
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