quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O assaltante roubou-me as esperanças; BH, 02801001999; Publicado: BH, 0120102012.

O assaltante roubou-me as esperanças
Vi-me de frente na rua
Com um abordante cruel
Deixou-me estendido abordoado
Animado ao bordão
Tirou-me o meu cajado
Partiu-me a minha vara
Quebrou-me a bengala
Abriu-me um abismo
Onde meus pés eram firmados;
Tirou-me o ombro de apoio
Onde estava apoiado
Deixou-me amarrado
Cansado de me abordoar
De bater-me com o bordão
Não estava guarnecido
Não estava com borlas
Nem com borletas
Nem munido nem franjado
Não estava aborletado
Fui apanhado de surpresa
Desprotegido por não saber
Aborletar a outra estrutura
Só trazia guardado no bornal
Um pedaço de rapadura
Um punhado de farinha
Nem água tinha para embornalar
Nada estava abornalado
Nem ouro nem prata
Para que me esconder
Para que me ocultar abornalar
Se não tenho nada para guardar
Pilhar o que em mim
Se meti tudo no bornal furado

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