Já perdeu a inspiração
Pensou pensou pensou
Nada dessa cabeça tirou
Ainda queria ser escritor
Lançar um livro de contos
Um livro de poesias
De poemas idos
Poemas perdidos
Que o mundo não quer saber
Fica teimoso
Com uma caneta patética na mão
Uma folha de papel branco
A tentar pegar uma ideia
Ao chegar ao fim da folha
Vai saber que foi em vão
Que perdeu o tempo
O tempo não ficou ao seu lado
Deixou para atrás
Cheio de rugas e de cabelos brancos
Carcomido torto
Vergado pelo peso do tempo
Quase a se arrastar ao chão
Igual réptil pré-histórico
Que teima em ser moderno
Teima em ser evoluído
Teima em ser
Passam distantes
Olhares cegos ouvidos surdos
Lábios selados
Bocas fechadas
O medo estampado n'almas
Espíritos escondidos no fundo dos egos
Dum mundo atormentado
De tanta infelicidade
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