Moço
Não me mata não
Não me corta com facão não
Sou menino africano
Dos campos de refugiados
Dos campos de flagelados
Minha tribo
Não sei não
Sou do campo de concentração
Do Gueto de Varsóvia
Sei donde
Também não
Sou só um menino
Que culpa tenho
De ter nascido?
Nasci no Soweto
Se é que se pode dizer
Que quem vive ali nasceu
Culpa não tenho eu
Pai não tenho mais
Minha mãe morreu
Não me mata não
Sou refugiado
Sou flagelado
Não tenho pátria não
Não tenho nação não
Ontem não comi nada não
Hoje também não vou comer não
Não vou chorar para ti não
Meu pranto se esgotou
Sou menino de aldeia
De tribo de floresta
Não sei o que aconteceu não
Abri os olhos agora
Deparei contigo
Com esta ponta afiada de facão
No rumo do meu coração
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