Madrugada alta daqui do alto da
Patagônia olho a cidade adormecida
A meus pés é só uma cidade adormecida
Ao pé de mim estou nesta cidade
Como um anjo está em mim
As luzes lá embaixo parecem estrelas
Que caíram do céu não durmo
Pois os mortos não dormem os
Mortos só servem para enterrar os
Seus próprios mortos mas não enterro
Os meus mortos os meus mortos
Tento eternizá-los nestes poleiros mais
Elevados onde pousam meus pensamentos
Nestas soleiras das quebradas nestas
Pedras onde descanso a cabeça para
Sonhar que sou vivo mas só
Existo nos pesadelos que se apoderam
De mim quando despertam-me
Para a realidade da minha
Inexistência escrevo de olhos
Fechados no escuro das trevas
Como se a força da gravidade
Guiasse minha mão movesse
A caneta para gravar estas letras
Em forma de palavras nesta
Face oculta deste papel inorgânico
Porque que esses automóveis têm
Que passar tão perturbadores se
Meu coração está tão perturbado?
Preciso da ausência de tudo como
Um niilista da descrença não
Creio em nada a não ser no
Nada o nada é maior do que
Tudo se raciocinei errado ou
Não não sei não acordeis a
Cidade por este alarido deixeis a
Cidade adormecida ao pé de mim
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