Gostaria de sentir meu cérebro faiscar ao emitir pensamentos
Ao lançar de si centelhas de ideias com clarões de razão pura
De luminosidade gostaria de ver minha mente expelir como
Faíscas lembranças memórias todas as recordações de tudo
Que já vivi o dia em que sentir-me cintilar poderei dizer
Confesso que vivo confesso que vivi confesso que viverei
Só não gosto é de deslumbrar-me superficialmente catar
Pesquisar diamantes ouros tratar os cascalhos o veio
Morto a mina infrutífera minha cabeça não é uma
Faisqueira um lugar onde se encontram faíscas de ouro
Resto do cascalho que fica abandonado nas catas
Trabalhadas minha cabeça não é faiscante ou mais
Do que cintilante nem brilhante de pensamento
Fagulhento como um faiscador aquele que
Procura nas minas faíscas de ouro tal qual o
Faisqueiro procuro nas trevas dentro de mim
Uma faiscação um faiscamento de vida ou um
Fagulhamento de emoção sinceramente gostaria
Que tudo dentro de mim fosse faísca chispa fagulha
Faúlha centelha é duro só sentir a frieza da
Escuridão a faixa da sombra a banda
Da penumbra a cinta que nos liga ao
Escuro da alma é duro não fugir da correia
Da ignorância não quebrar a tira do atraso
Que impede a evolução o furo chato entre a
Arquitrave a cornija é mais eterno do que sou
A zona em volta dum planeta é mais infinita
Do que sou a porção de terra estreita longa é
Demais para receber o meu corpo apodrecido o
Listão entre duas linhas que atravessa o escudo
Na sua largura tem mais sentido significado do
Que sou então pergunto para que faixear rodear
Com faixa de madeira o meu caixão? para
Que um faixeiro um cueiro num cadáver
Dum defunto tão indigente? se ainda
Fosse ou tivesse a soberba do faisão da ave galinácea
De linda plumagem mas não sou só um esqueleto
Esquecido fora do esquife sou só uma lápide sem
Identificação a faisoa as faisães os faisões só
Querem devorar-me sou um pássaro pintado
Distante da realidade que me cerca não
Tenho azáfama vivo sem ocupação minha lida
É a preguiça não tenho tarefa nenhuma aqui
Na terra trabalho nem sei o que é serviço já até
Esqueci o significado e hoje, procuro o resultado
Da faina sinto-me mais frágil do que a faiança
Do que a louça de barro esmaltado vidrado ou
Feita de pó de pedra é a que recebeu o sopro de
Deus foi a que ficou na história da cidade italiana
Faenza através do francês faience então me
Encontro-me mais perdido do que nunca num
Faial num bosque de faias disfarço-me de
Indivíduo de maus costumes passo por vagabundo
No entendimento da entrelinha tipográfica queixo-me
Da faia árvore europeia alta ramosa invejo o
Seu porte fagulhento sua altivez de tronco fagulhoso
Parece milagre pois não solta fagulhas nem tem
Faíscas o fagulhar que impressiona é o balançar do
Vento o faiscar do sereno o chispar do orvalho é o
Que faz a brisa ao desprender fagulhas o cintilar da
Luz do sol nas folhas a dar-me a ideia de fagulha natural
Centelha eterna faísca infinita chispa universal faúlha
Divinal assim fico brando fagueiro agradável
Carinhoso meigo até com as serpentes as víboras
Que querem inculcar veneno no meu calcanhar
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