Vi um biólogo a chorar a querer rasgar o seu diploma de biólogo
Revoltado pelo óleo que deixaram derramar na Baía da Guanabara
Vi um biólogo a chorar de indignado pelo crime ambiental que cometeram
Ao deixar derramar óleo nas águas das praias do Rio de Janeiro
Chorava pela morte das aves dos caranguejos dos peixes dos siris
No nosso país onde a fauna a flora a natureza não são
Respeitadas preservadas é a primeira vez que vejo um
Homem derramar suas lágrimas de dor de desespero por
Nada poder fazer para salvar restabelecer o equilíbrio ecológico
No nosso país as matas queimam dias a dias por meses
As árvores são cortadas e arrancadas destruídas
As florestas são dizimadas em infinitas queimadas
Nunca presenciei uma chamada autoridade
Com pelo menos uma palavra de revolta de indignação
Nossas covardes sórdidas sujas autoridades só sabem
Se lamentar quando perdem um benefício de mordomia
Quando perdem uma parcela de salário um pedaço
Da mamata da maracutaia da jogatina da propina
Só choram quando não participam da corrupção
Da venda da entrega predatórias da nação
Nós o povo que não podemos ler jornais não podemos
Assistir televisão não podemos escutar rádio pois
A mídia é toda controlada por aqueles que defendem
Os interesses das nossas chamadas autoridades por isso
Nunca tomamos conhecimento da verdade sim do
Que só interessa à burguesia à elite aos dominantes
Uma queimada não preocupa a ninguém continuaremos
A sorrir a ir para campos de futebol para quadras de escolas
De samba continuaremos a beber as nossas cervejas não é conosco
Não somos nós que temos que levantar a bandeira da
Proteção ecológica preservação ambiental conservação da natureza
Quero ser solidário com esse biólogo chorão
Também quero chorar com ele junto dele com
A mesma dor a mesma pena pena dos nossos chamados
Homens públicos pena dos nossos falsos mandatários
Nossos bonecos fantoches nossos representantes do nada
Quero chorar também derramar todas as minhas lágrimas
Pelos cadáveres das aves cobertos de óleos escuros doutras
Que esperam nas pedras sem poder voar a hora da morte
Enquanto em Brasília nos palácios das nossas capitais
Os ocupantes das cadeiras importantes a rir de boca cheia
De olhos esbugalhados de barrigas fartas cabeças vazias
Zombam da natureza das águas dos mares dos rios
Das florestas das chapadas dos morros das montanhas
Das ervas dos capins das relvas dos córregos dos riachos
Das cachoeiras das cascatas das corredeiras dos homens do povo
Zombam do homem que defende o verde do que quer preservar
Zombam de tudo que podem sem a menor consideração
O menor pudor remorso vergonha mesmo ao saber
Que infelizmente a história tem que registrar os atos
Os desmandos os malfeitos as mazelas que fazem
Querem permanecer nos cargos voltar sempre
Meu povo não jogues mais o teu voto fora não votes mais
Em senador deputado então nem falar vereador
Prefeito governador presidente não votes mais meu povo
Manda essa cambada trabalhar em vez de ficar aí
A comer do bom do melhor com o dinheiro público
Ainda a fazer pouco caso do povo dos eleitores cidadãos
Temos que dar um basta a essa corja de ladrões
Temos que dar um basta à entregação à destruição
Deste país entregue nas mãos de bandidos que
Só legislam em benefícios próprios ao defender ao manter
Os interesses pessoais ao preterir os interesses do povo
Sinto asco vergonha desses homens
Já sinto orgulho do meu filho Lucas
Lucas Ivanovitch Furtado Medina sinto orgulho
Sinto muito orgulho de ti tu pelo menos não vais
Fazer o que esses homens fazem já pensaste se
Fosse o pai de Adolf Hitler em vez de ser o teu pai?
Morreria de infelicidade amargura remorso
Já pensaste se em vez de ser o teu pai fosse
O pai do Fernando Afonso Collor de Mello? morreria
De vergonha de dissabor tristeza aflição terror
Se fosse a mãe do Fernando Henrique Cardoso vulgo FHC?
A pior da mais mesquinha da ignóbil figura que
Já vi nos palácios de Brasília nos meios da mídia
Graças a Deus meu filho sou só o teu pai
Sei que não sofrerei contigo sei que serei
Feliz saberei te amar sem precisar sentir o ódio
Que sinto por esses inimigos da humanidade
Mal à humanidade sei que tu nunca causarás
Não vais reinventar a bomba atômica nem vais
Ficar a sorrir a zombar quando a Amazônia
Estiver a queimar ou quando cidades estiverem
Debaixo d'água em épocas de enchentes
Tu não vais abrir campos de concentração de refugiados
Nem vais queimar pessoas em alto-fornos ou bombardear
As cidades com as suas escolas hospitais parques lares
Pois te amo Lucas não precisas mudar nunca
Sejas sempre assim do jeito que tu és mesmo sem
Compreender entender o que é o amor dum pai
Quando a morte vier vai saber que tu não
Colaboraste com o fim da espécie com o fim do mundo
Não colaboraste com o fogo nas florestas as devastações
Não colaboraste com o óleo no azul das águas do mar
Quando tudo acabar tu vais estar isento de qualquer
Que seja a culpa o pecado a mágoa a mancha
Nenhuma nódoa ficará mesmo em tua alva pele
Quando chorar outra vez chorarei de contentamento
De alegria júbilo de gozo de prazer de felicidade total
Tantos pais tantas mães que ficaram desiludidos
Com os filhos que colocaram no mundo
Quando chorar vai ser de verdade sem mentira
Sem falsidade sem ilusão sem enganação sem lorota
Quando chorar é para fazer todo mundo sentir junto
O que estarei a sentir sem esconder ou fugir ao
Romper as barreiras as amarras do medo da covardia ao
Romper as agruras os empecilhos que nos deixam
Estendidos nos nossos próprios rastros pegadas marcas
Onde nos conhecemos por não termos as impressões
Digitais mentais as opiniões impostas por meios estranhos
Aos nossos meios de convivência permanência estadia
Tudo isso só será possível até o dia em que
De mãos dadas braços dados desprezarmos as forças
Que sustentam a burguesia a elite a classe dominante
Senão nunca será possível nem nunca não teremos outra ocasião
Para darmos às mãos do amanhecer ao crepúsculo
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