Qualquer que seja o assunto, engraçado ou sublime,
Deve nele casar o bom senso com a rima.
Parece, em vão, que os dois não se dão muito bem:
Cabe à rima servir, sendo simples escrava.
*
Amai, pois, a razão e dela tão-somente
Venha o brilho e o valor que houver em vossos livros.
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Quem conter-se não sabe escrever nunca soube
*
Enfim chegou Malherbe e, por primeiro, em França.
Nos versos fez sentir uma justa cadência,
E no texto o lugar que realça a palavra,
A rima reduzindo às regras do dever.
Pelo sábio escritor, a língua reparada,
Nunca mais ofendeu ouvidos refinados;
As estrofes, com graça, a cair aprenderam,
E não mais cavalgou o verso sobre o verso.
Aceita a sua lei, esse exemplo seguro
De modelo inda serve a quem tenta escrever.
*
Antes, pois, de escrever aprendei a pensar.
*
Dai pressa lentamente e sem desfalecer;
Vinte vezes voltai à mesa de trabalho,
Vosso escrito polindo e sempre repolindo;
Às vezes acrescei, sobretudo apagai.
*
Longo poema vale um soneto sem falha.
*
Um rimador, impune, além dos Pirineus,
Num dia só, na cena, abarca muitos anos.
Lá, quanta vez, o herói de grosseiro espetáculo
É menino ao começo e velho ao fim da peça.
Mas, nós, pela razão, às regras apegados,
Nós queremos que a ação, com arte, se desdobre
Num só lugar, num só dia, um fato se conclua
E, até o fim, mantenha o teatro repleto.
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