sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Empresta-me uma bomba atômica aí; BH, 01601201999; Publicado: BH, 0230802013.

Empresta-me uma bomba atômica aí
Uma de última geração de efeito bem devastador
Quero explodi-la dentro da minha cabeça
Para libertar a minha inteligência
Liberar a minha criatividade
Aguçar a sabedoria tudo de mais
Que possa obstruir a capacidade de conhecimento
Prefiro viver mil vezes sem cabeça do que
Viver com esta esfera de chumbo bruto
Ferro natural magma de vulcão extinto preciso
Deixar fluir a lava que incandescente jaz adormecida
Que só faz a cabeça doer a ponto de estourar
Vou aproveitar a oportunidade explodi-la logo
Antes que morra no esquecimento do esquecimento
Pois a necessidade de minha inexistência me força
A querer deixar um legado hereditário de herança
Não herança de bem material financeiro
Uma herança de tesouro enterrado escondido
Nos mais profundos recônditos da minha mente
Não será qualquer descobridor de tesouros
Munido com os mais avançados instrumentos
Radares sonares robô máquinas de profundidade
De resistência à altura à velocidade
Que irá descobrir o tesouro que por ventura tenha
Sepultado encaixotado enclausurado
No meu cemitério pessoal particular
A inexistência me faz reagir pensar
Que um dia no além da eternidade
Seja reconhecido por mim mesmo
Dê um basta à minha mania de me caçar
Se não me encontro em nada no tudo
Não posso querer sair do poço em que me encontro
Não posso querer que faleis comigo naturalmente
Como se fosse ou seja sou algo útil
Vivo só na futilidade de não entender
A mídia a internet toda a parafernália
Que faz o homem moderno existir ser mais importante
Do que uma borboleta colorida pousada numa flor
A telefonia celular ultra moderna avançada é
Outro fator que faz o homem de 2000
O fruto máximo da existência do ser
Sem um celular na mão
O homem do século XXI deixa de existir
Então que quererei abominável troglodita
Que ainda não evoluí da idade da pedra lascada?
Ainda não aprendi a caminhar
Ainda não aprendi a respeitar a amar?
Que quererei que não sou nada
Daquilo que a sociedade de consumo
Almeja que seja o mais rápido possível?
Não sou navegador nem náufrago da internet
Estou mais para argonauta do que para internauta
Estou mais para vinil k7 do que para cd rom
Mais deslocado do que um satélite natural
Ao longe alheio fora da órbita que quereis
Colocar-me com a modernidade o progresso
Considero-me que não posso ser moderno na pobreza
Na miséria na fome na guerra
Na devastação das queimadas das florestas
O extermínio das crianças meninos meninas de rua?
A dominação dum país poderoso
A um outro país mais subdesenvolvido fraco?
Quando será que essas coisas vão acabar?
Não posso me considerar moderno evoluído
Com tantos percalços desníveis no meu meio
Por isso se por aí alguém estiver a pensar
Em  testar uma bomba atômica de maior poder
Que faça o teste dentro da minha cabeça
Não uses o subsolo da Terra
Para que não aconteça mais terremotos

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