Vejo que as tempestades vêm aí
Pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
Batem nas minhas janelas assustadas
E ouço as distâncias dizerem coisas
Que não sei suportar sem um amigo,
Que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
Atravessa a floresta e o tempo
E tudo parece sem idade:
A paisagem, como um verso do saltério,
É pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
Como é imenso, o que contra nós luta;
Se nos deixássemos, como fazem as coisas,
Assaltar assim pela grande tempestade, —
Chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
E o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
Serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
Aos lutadores do Antigo Testamento:
Quando os nervos dos seus adversários
Na luta ficavam tensos e como metal,
Sentia-os ele debaixo dos seus dedos
Como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
Que tantas vezes renunciou à luta.
Esse caminha erecto, justificado,
E sai grande daquela dura mão
Que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
Por algo cada vez maior.
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