Olho à procura dum olho que enxergue mais do que o meu
Que ajude-me a ver o que o meu olho seco não consegue ver
Todas as luzes estão acesas
Sinto que a madrugada é de trevas
Pego a lanterna
Saio na noite a procurar as sombras
Todas se escondem atrás dos monturos
Dos murundus
Como escondo-me da luz
Quando iluminam-me
Com os falsos holofotes da mediocridade
Inda sinto-me cravado no calvário da estupidez
Pregado no madeiro da ignorância
Luto para sobreviver sem a bizarrice
Fujo da morbidez que acompanha-me
Irmã gêmea siamesa xifópaga
Em toda esquina paro para escutar as palpitações
Assusto-me com o arrastar dos meus pés
Os meus murmúrios
Os meus sussurros
Oscilações metem-me medo
Corro das minhas vibrações
Reverbero-me nas quebradas a esconder-me
Das assombrações das minhas imagens refletidas nos espelhos
Em cada reflexo vejo um prisioneiro acorrentado
Indignado ainda
Então disse de voz embargada ao meu ouvido surdo
Mouco ou de mercador
Algo que não pude ouvir
Apesar de ser o mesmo que soprava algumas palavras
Que resgatassem-me das cinzas
Não foi desta vez que ressuscitei
Tentarei noutros patamares
Soprarei novas palavras
Alguma trará a mim a chave do meu segredo
Que abrirá meu cofre
Meu baú
Minha caixa preta
De pandora minha arca de Noé
Tumba de faraó
Sarcófago milenar
Olho de novo o velho
Vejo a olhar para mim
Um velho de novo
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