terça-feira, 25 de novembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 14; BH, 0150802012; Publicado: BH, 02501102014.

De olhos fechados não quero mais abrir
Os olhos de olhos fechados cadê as antigas
Paisagens? cadê as chamadas belas vistas?
Em tudo que olho vejo modernas torres
Luxuosas espigões milhares de edifícios
De olhos fechados não abrirei os olhos
Cadê a natureza os vales os rios os mares?
Para onde olho só enxergo fumaça
Esqueletos calcinados pela seca
Cemitérios de árvores vastos espaços
Para estacionamentos de automóveis de
Hoje em diante viverei de olhos fechados
Recuso-me a enxergar para não
Ver as borboletas as joaninhas os
Finados insetos que as queimadas
Causam aproveitarei que estou a ficar
Cego a cegueira é hereditária na
Família não desgrudarei mais os
Cílios das pestanas para não enxergar
Não ver nada não olhar o horizonte
Não fixar as vistas no infinito não procurar
Com os olhos as portas do firmamento
Para que olhos abertos se não se pode
Mais desfrutar do universo? não quero
Mais meus olhos abertos espanta-me o
Que vejo mete-me medo o que
Enxergo arrepia-me o que olho
Até o corpo da mulher que gostava
Tanto de apreciar parece-me estranho
Corpo de robô de gladiador de arena
Dalgo feito em clínicas de estéticas
Como as bonecas feitas em fábricas passadas
Recuso-me a andar de olhos abertos quem
Encontrar comigo por aí guia-me
Com se guiasse um cego de nascença

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