É difícil explicar
É
difícil explicar o olho cumprido do sol
que
abarca a finitude do olho cego do homem
olha em direção do nada
como
se olhasse esperançoso para o Getsemani
já
cri na incerteza da vida
segue indiferente se vida não existisse
no
embate imemorial que a morte vence
sempre
e
vence até mesmo quando vida ainda não existe
espreito
a vida passar anonimamente
vejo-
a através da veneziana fechada de minha infância
e
vejo-a com os sonhos que já tive
e
que me deixaram vazios de mim mesmo
vejo-a
ainda na lembrança da andorinhas
que
escreviam concertos nos fios infindáveis
que
ligavam postes em posição de sentido
mas
não ouço mais os acordes daqueles sons
daqueles
sonhos juvenis
não
ouvi e ainda não ouço
a
vida passa filtrada pela veneziana fechada
meu
coração não se abriu então
e
ainda não se abre
era
uma vida só
é
uma vida de solidão.
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