quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 23; BH, 0190802012; Publicado: BH, 0301202014.

Houve muito barulho no enterro do sambista
Quem pensou que o pandeiro ia ficar no chão
O cavaquinho no balcão o tantã no hospício
Errou feio a mão houve foi muita confusão no
Enterro do sambista muito samba cantado na
Palma de mão na batida com o pé na roda de
Malandros passistas reverenciados até parecia
Ensaio ou mesmo o próprio desfile a capela
Ficou vazia o padre encomendou o corpo às
Paredes o boteco ao lado do cemitério lotado
Mais cheio do que noutros dias nunca bebeu-se
Tantas cervejas cachaças umas outras as mulatas
Assanhadas derretiam corações a velha guarda
Em peso com a sua sabedoria a juventude
Vibrante a cantar lembrei-me doutros poetas
Saudosos Zé Kéti Candeia Noel Cartola os
Nelsons muitos outros que Deus já levou
Que engrandeceram a enciclopédia do samba
Os que atualmente a enriquecem quem pensou
Que a viola ia ficar muda ia para o fundo do
Baú os chocalhos os surdos não iam marcar
Presença viram no enterro do sambista a força
A tradição do samba o canto das pastoras a
Beleza das baianas compositores improvisadores
Versadores batuqueiros a fina nata da malandragem
De boa cepa o mundo sambista todo mui bem
Representado até o defunto tinha um aspecto de
Vivo quando foi levado ao leito derradeiro teimava
Em não querer ir enterro igual a esse nunca vi
Quando enfim acabou a batucada varou a madrugada
Só parou com gritos de vivas quando o sol raiou

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