terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Joaquim Francisco da Silveira, 760, 1c; BH, 0180802012; Publicado: BH, 0201202014.

Vi um calango a correr desesperadamente
Em cima dum muro sondei meu Deus o
Que esse pobre calango viu que não vi
Que lhe causa tanto Desespero? a corrida
Desembalada durou ainda alguns segundos
Até à boca dum buraco numa parede quando
O rabo do calango sumiu no buraco um
Gavião também em voo desfraldado
Chocou-se com a parede refleti então era
Isso a luta pela sobrevivência ao pressentir
Que o gavião ia capturá-lo o calango
Tratou de refugiar-se num buraco se
Demora uma passada se desse uma
Bobeada um balançar de cabeça a mais
Ou errar ao entrar no buraco com certeza
Ia para o papo do gavião o carcará que
Pega mata come depois da rasante
Frustrada arremeteu-se pousou no
Alto duma árvore soberbo austero
Com alteridade novamente começou a
Perscrutar uma próxima vítima que não
Fosse tão ladina que não estivesse tão
Alerta que estivesse mais distraída
Absorta ou do contrário não comeria
Hoje com o resultado penso que os
Três pensamos gavião calango sou
Com certeza dos três o que pensa menos
Sou também o mais frágil o mais
Desqualificado o mais desprotegido
Se soubesse correr daquele jeito num
Muro fazer acrobacias em voos daquela
Maneira não seria tão imperfeito incompleto
Inacabado faltam-me muitas coisas da natureza

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