terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

É com tristeza que relembro quando as pessoas; BH, 01101202012; Publicado: BH, 030202015.

É com tristeza que relembro quando as pessoas
Vinham à venda do meu pai pedir-me que
Escrevesse cartas ou bilhetes para elas
Engraçado que um sabia cortar cabelo muito
Bem chamávamos um ao outro de Estranho
Mas não sabia escrever que tristeza relembro
Que tentei ensinar uma empregada de mamãe o
ABC não aprendia de jeito nenhum não
Reconhecia uma letra não sabia uma palavra
Mas já fazia sexo de cor desenhado;
Analfabeta de porta janela esclarecida
Inda jovem de cama mesa banho
Disponibilizava visitas nas moradias de frente
De fundos aprender a escrever a ler nem se
Movesse o mundo fazia um café penso cá
Com o meu zíper que só as mineiras sabem
Fazer quando a vizinhança fazia café então
Não sabíamos qual o café era o mais cheiroso
Mas se fazia um bem danado às tardes mineiras
Não há dúvidas sim solitário sozinho
Quebrantado entristeço com as lembranças
As recordações morador de beira de
Estrada de ferro de rios moitas barrancos
Quintais terreiros vivo no escuro a luz do
Quarto ofende as minhas vistas turvas quem
Diria tantas vezes olhei o sol inclusive de
Manhã quando o sol nascia uma luzinha
Dessa aí a perturbar burro velho? já
Assoprei braseiro de ferro de passar roupa
Acendi fogueiras de São João carreguei
Muita lenha para o fogo do fogão

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