Dormente tive a vida toda para despertar-me
Sigo triste pelas ruas da cidade a arrastar
As minhas deformidades se desperto-me
Permaneço sonâmbulo se sonho vivo
Pesadelos não arrumei-me não quis pôr
Fim ao meu desmazelo trago tangida junto
Ao meu peito a solidão se no futuro sinto-me
Velho no além serei fantasma uma sombra
No limbo ou uma penumbra imperceptível
Atrás da porta da escada sento-me no
Primeiro degrau choro menino a contorcer
As mãos todos os meus sonhos fluíram por
Entre os meus dedos os dedos ficaram
São dedos inúteis são dedos de mãos que
Não fazem manufaturados não tecem tapetes
Não constroem estradas foram-se os anéis
Levados pelas enxurradas das águas turvas
Ficaram estes dedos embriagados trêmulos
Dedos de mãos de bêbados que tremem
Sem emoções tremem sem sentidos são
Dedos sem reações não apertam gargantas
Gatilhos não dão socos murros porradas
São dedos de mãos que não se postam em
Orações dormente se vivesse numa ditadura
Certamente estaria num pau de arara a
Receber tortura a receber choques elétricos
Com certeza seria reanimado como se
Sofresse efeito dum desfibrilador é a dor a
Dor mente a dor finge dormente sigo
Insensato a fingir que sou lúcido enquanto
Ando pelas ruas da cidade
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