Quando a engrenagem emperra
Nenhuma flor nasce no asfalto um
Solo de violoncelo não é ouvido numa
Tarde ou o vento que acompanha
A chuva não nos encanta quando a
Engrenagem emperra a borboleta
Não nos visita a andorinha não
Faz festa o calango foge do muro
De repente tudo quando a engrenagem
Emperra tem o sabor do nada o menino
Chora a mão da mãe não o nina o pai
Não sai para trabalhar o marido está na
Farra as igrejas enchem-se de fieis
Adeptos os bares ficam vazios os bêbedos
Recolhem-se mais cedo há uma expectativa
No ar de nenhuma expectativa no ar os
Elementos corroem as entranhas os
Canibais modernos fazem festins com
A nossa carne não sobra nada no
Butim do organismo quando a engrenagem
Emperra o leite é derramado a vaca vai
Para o brejo a porca torce o rabo o político
Lava a égua mim dei bem com as
Verba indenizatória do orçamento impositivo
Das emendas as almas que cobram perfeição
Doutras almas dão de cara com as
Próprias imperfeições quando a engrenagem
Emperra o sino não dobra o cachorro
Não late a galinha não cisca no
Quintal o galo não canta no terreiro
A lavadeira não estende a roupa
No varal não há óleo lubrificante
Quando a areia monazítica emperra
A engrenagem da ampulheta
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