Um dia voltarei à cidade onde nasci
Andarei nas ruas em que andei pisarei
No chão que pisei banharei nos rios
Irei ao grupo escolar onde estudei
Recordarei das minhas professoras
Visitarei as igrejas a Matriz o
Automóvel Clube passearei pelas praças
Antigos cinemas o local onde era
A zona das primeiras gonorreias um
Dia voltarei à cidade dos meus quintais
Terreiros encruzilhadas andarei
Descalço nas ruas de paralelepípedos
Beberei cachaça no mercado comerei
Carne seca queijo frescal sentarei no
Parapeito da ponte visitarei os bairros
Da minha infância atravessarei a
Rio/Bahia pararei à beira do berço
Da velha Bahia Minas lembrarei do
Da velha maria fumaça apitadeira
Meu velho pai ferroviário revolucionário
Da minha mãe a ninhada de filhos do
Mingau de milho verde dos caminhões
De lenha a serem descarregados das
Minhas madrinhas sentirei saudades
Das minhas namoradinhas sei que
Chorarei beberei mais ficarei de
Porre pegarei um fogo como naqueles
Velhos tempos terei muitas recordações
Lembranças memórias boas ruins
Olharei para as casas onde morei no
Pau Velho nos Velhacos farei
Embaixadinhas nos campinhos de
Peladas sim um dia fantasmagoricamente
Visitarei a cidade onde cresci descansarei
À sombra duma gameleira mal assombrada
Ou ao pé duma sepultura em silêncio no
Cemitério do alto do morro
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