Sempre sonhei muito alto quando
Acordava não havia passado do
Rés do chão sempre voei para cima
Ícaro despencava das alturas caia
Nos despenhadeiros sempre pensei
Existir mas a ramagem a folhagem
Da erva daninha faziam-me retornar
Às minhas raízes enquanto as pedras
Movem-se os morros trocam de lugar
Com as montanhas permaneço plantado
Um tronco que poderia ter sido uma
Frondosa árvore olham-me de longe
Escuto o zumbido do vozerio que pé
De pau estranho não serve nem para
Lenha de fogão à lenha deixam-me ali
Com o meu toco como um marco erguido
À inexistência ali fico a pegar
Fuligem a secar a envelhecer
A ver aumentar a estupidez a
Ignorância que não deixam-me
Frutificar as raízes por mais profundas
Não encontram mais seivas os
Elementos não fazem mais sentidos
Para mim os organismos são-me
Imperceptíveis a areia emperra as
Veias da minha ampulheta o tempo
Não regista mais as horas nos ponteiros
Das paredes o que marca alguma coisa
É a sombra do tronco na poeira do
Chão enquanto o sol faz o seu movimento
O tempo não para para deixar-me respirar
Segue sempre adiante sem voltar a
Cabeça atrás das pessoas que foram
Das que éramos não vamos nos
Encontrar nunca mais
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