Papel do desocupado é ocupar papel
Ocupe papel foi o que fiz em toda a
Minha vida não tive papel relevante
Mas todo papel que tive ocupei não
Escolhia as letras não escolhia as
Palavras não escolhia papel fazia
Meu papel ocupava papel em todas
As faces rostos caras folhas não me
Importava se era explícito não me
Incomodav se era implícito o que me
Aborreci era quando de noite ou de
Dia não ocupava um papel com um
Poema ou com uma poesia não
Pensava em estrutura não imaginava
Tema não ia atrás de nada apenas
Parava sentava ou ficava de pé
Observava soltava a mão pela
Estrada pela linha do horizonte
Pelas linhas paralelas das estradas
De ferro dos caminhos pelas
Órbitas universais do infinito
Quando dava por mim todas as
Folhas estavam ocupadas por um
Desocupado cuja desocupação
Nunca terá fim se tivesse nascido
Para ser alguma coisa ter um
Título um rótulo se tivesse nascido
Para encher paredes de diplomas
Nunca teria nascido nasci
Justamente para não nascer para
Não ter em mim quem nasce são
As letras as palavra são as que
São-me as que têm-me sou
Algo que não convém a outra coisa
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