Há quem olha para o nada não vê nada
Há quem olha para o nada vê tudo
O nada está cheio composto completo
No nada estão os espíritos os fantasmas
Os seres aprisionados acorrentados
Algemados amarrados cativos
Escravizados sempre vejo esses
Seres quando olho para o nada
Encaro-os frente a frente sou
Encarado todos dizem algo ao
Mesmo tempo mostram as amarras as
Correntes as algemas ditam ditos gostam
De olhar de serem olhados de
Fundos de olhos para fundos de olhos
Ditam ditos ao latejarem enfeitam
Vitrais paredes muros monturos chamam
A atenção ao reverberarem no vácuo
Contam contos cantam cantos ladainhas
Outras manifestações todas as performances
São para serem observadas muitos de
Letras em letras pedem para fazer dunas
De palavras sirvo-os o que tenho
Camuflo com o nada para os conhecer
Melhor todo silêncio é pequeno ao
Perceberem que são percebidos despercebem
Haja eternidade para retornarem a vibrar
Alho olho olho olho estão estáticos bocas
Abertas bocas fechadas olhos parados cabeças
Viradas mãos estendidas braços erguidos
Corpos postados cores inócuas incolores
Multicores há quem olha para o nada
O faz posteridade o perpetua na pele
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