Quando meto as mãos nos bolsos assim
Fico algum tempo a fitar o firmamento
O universo entra pelos meus olhos sai
Por meus dedos flui de mim para as
Folhas de papal como se fosse um anel
Roubado ficam só os dedos pendentes
Pingados nesta mão demente incontrolável
A traçar rabiscos sem teores universais
Meus florais meus minerais meus sais meus
Açúcares se há alguma coisa importante
Na vida para se fazer é meter as mãos
Nos bolsos das velhas calças fitar com
O fundo dos olhos o fundo do universo
Descobrir o que quer o que quer é
Que tenhamos um braço na ponta do
Braço uma mão na ponta da mão
Dedos para segurarem a caneta no que
O universo quer guiar sou um mero
Instrumento deste universo envolvente
Dos entes que o habitam dos astros
Que compõem-no por mim passam as
Informações dos planetas perdidos dos
Planetas desconhecidos dos extintos
Planetas que vão às suas fronteiras
Não voltam mais é por isso que dizem
Que sou incorporado mas quem
Incorpora-me é o universo é o que
Habita o meu coração minhas moradas
Usa abusa de minhas moradias sem
Pedir licença como um deus desconhecido
A cavar crateras à procura de fieis só
Encontra a mim de joelhos mãos postas
Como se a cabeça estivesse num
Cepo à espera da adaga do verdugo
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