Sai do limbo levanta do chão anda
Fiz-te do melhor barro aço bronze mármore
Moldei-te modelei-te remodelei-te igual
Michelangelo Rodin faziam com suas
Peças várias vezes soprei assoprei em
Tuas narinas hálitos de meninas arroubos
De virgens arrulhos de pombas o que me
Sais? um velho mórbido a andar nu pelos
Quintais jardins a comer das frutas podres
Dos pomares um senil decrépito a beber
Vinhos azedos a comer gorduras a
Deixar de lado as carnes sagradas
Olha que fiz um esboço de carvão de
Hulha fiz um croqui de granito celeste
Um desenho com uma vara de negrito
Secular o que vieste? mais uma besta
Mais uma peste a levar uma vida
Agreste agora desnudo vagabundo
A expor as vergonhas ao mundo
Envergonhas-me perante a todos antes
Não precisavas suar a pele nua ralar
Os joelhos relhar os cotovelos calcar os
Calcanhares desmazelar os tornozelos
Tinhas dum tudo gritei-te no
Sepulcro depois de tirar a cruz das
Tuas costas os cravos das tuas
Feridas hoje andas no meio de
Bandidos de putas vadios não
Voltas à casa do pai filho pródigo
Deterioraste alma ser espírito
Nada em ti salvaste cheio de
Malasartes a transbordar de malfeitos
Afogas-te em defeitos olhas que
Mirei-me em Apolo pensei em
Narciso copiei Adônis invejei
Antônio o Belo pensei num ser
Singelo não usei formão nem martelo
Só pétalas de flores o que me trazes?
Um poço de dores
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