Há de viver-se a vida com graça
As paisagens primaveris na cara há de
Viver-se a vida avidamente mesmo
Um velho ancião envelhecido amargo
Um dia poderá encontrar um doce um
Favo de mel dizer que voou além do
Arco-íris como os pássaros azuis voam
Que encontrou um pote de ouro há de
Viver-se a vida as almas cegas ávidas
Por luz sedentas por água fresca
Sombras refrigeradas há de viver-se
A vida os famintos os filhos dos
Famintos com fome de pão de ló de
Centeio de pão nosso de cada dia
Até os que caem em armadilhas da
Vida como os elefantes que ficam
Presos na lama quando vão em
Busca de água ou as tartarugas que
Ficam presas em galhos caídos em
Seus caminhos não aparece
Nenhum deus para salvá-los até os
Que são assim traídos pelo destino
Hão de viver a vida os que
Padecem nos pavilhões de cancerosos
De leprosos nos arquipélagos
Inóspitos na selvageria urbana os
Loucos não devemos nos esquecer
Dos loucos justamente por pensarmos
Que não somos loucos somos mais
Loucos do que os loucos que não
Pensam nada são só prisioneiros das
Algemas transparentes das labaredas
Incandescentes que ardem nos
Labirintos da mente há de viver-se
A semente o grão o sêmen há de
Viver-se num suspiro duma fonte
Num balançar duma flor rente ao
Muro as imagens são simulacros de
Vida não são vida as imagens
Vivem nas pradarias das retinas nos
Ventos que sopram nas areias nos
Lençóis freáticos há de viver-se
Por um instante o que não se vive
Na eternidade só as letras que
Formam as palavras que nos
Garantem a posteridade sabem que
Há de viver-se a quem interessar possa
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