Lavo minhas mãos
Meu coração já veio lacrado
Embalsamado
Lavo minhas mãos
Coração de Pôncio Pilatos
É só o que sei dizer
Lavo minhas mãos
Quanto mais as lavo
Mais sujas ficam
Apesar de tão alvas
De já perderem
As impressões digitais
De tanto serem lavadas
Lavradas
Continuam tão sujas
Quanto o meu coração
Perdi a pele como um réptil
Perdi bico
Penas garras como uma águia
Não renovo-me
Não ressurjo das cinzas
Fênix fendida
Escapam de mim seiva
Néctar de sangue
Bálsamo de vida
Dos cílios pesados
Das pestanas chumbadas
Fogem os sonhos
As sobrancelhas
Não barram os pesadelos
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