Os prédios tampam os firmamentos encobrem
A linha do horizonte as obras dos homens querem
Ofuscar as obras de Deus quero ver o nascer do
Sol da janela do meu apartamento a fumaça
Embaçada faz da vida um tormento como voar
Em ar tão pesado? navegar em mar tão pastoso
Que mais parece um oceano morto uma maré
De óleo preto a desembocar numa praia de areia
Branca que fica negra como viver num campo no
Qual as obras da natureza são jogadas para as linhas
Laterais para escanteios não estão no plano
De sobrevivência da humanidade? o restante
Do trabalho sujo o homem completa com o
Sumiço das amendoeiras tamarineiras mangueiras
Palmeiras eiras beiras joãos de barro sabiás guaxinins
Gambás quatis tatus tamanduás preguiças
Madeiras de lei viram lenhas as lenhas viram
Carvões os carvões viram cinzas as cinzas? as
Cinzas embotam meus pulmões enegrecem o
Sangue do meu coração sufocam-me a
Respiração zumbi zumbizo num zumbido
Ensurdecedor de poluição sonora cegado
Pela poluição visual muita luz de neon
Muito holofote mas tudo luz artificial como
Bebo de tudo que incha-me a barriga
Intoxica-me o organismo não mata-me
A fome nem a sede por mais saciado que
Seja sinto-me sempre insaciável não
Bastava-me o fanatismo xiita fundamentalista
Das religiões a destruir culturas monumentos
Comportamentos tradições os que resistem
São os vilões as mulas-sem-cabeça infiéis
Renegados frutos de obras de demônios os resistentes
Que não são os indiferentes que não perguntam e daí?
São energúmenos chacoteados pela sociedade os
Céus proclamam as obras de Deus os homens
Querem calar os céus com seus falsos discursos
Nenhum comentário:
Postar um comentário