Só quero um punhado de letras
Não precisa ser muitas farei infinitas
Palavras contarei histórias de fenícios de
Gregos de povos antigos dos quais não
Falam-se mais os que até falavam em
Aramaico em outras línguas sagradas de
Anjos de demônios de santos que foram
Queimados em fogueiras ou jogados nus nos
Abismos como bruxos das mulheres
Despedaçadas nas rochas do fundo dos
Precipícios em sacrifícios aos deuses mudos
Sou um mendigo de letras não imploro por
Ouro incenso mirra não peço dinheiro
Pão vinho sou um andrajoso coberto de
Chagas não peço trajes não peço
Cicatrizações das minhas feridas apenas
Algumas letras tortas para escrever certo
Velhas pobres enferrujadas cobertas de
Limo bolor pelo tempo impiedoso contarei
Causos de esqueletos caveiras ossadas
Cavernas que vieram dos confins do
Universo com as primeiras montanhas
Voadoras que pousaram nos aeroportos
Naturais das pradarias jazem incólumes
Nos subterrâneos das cordilheiras
Faltam-me letras para desvendar essas
Grandezas para dar luz como um deus ou
Como um pseudo poeta a essas escuridões
Abissais faltam-me letras minguadas
Letras parcos caracteres também
Construirei mundos separarei terras águas
Noite dia farei homens de palavras
Cujos narizes não precisarão ser soprados como
Foi feito com os homens de barro sem palavras
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