Belo Horizonte 8 de Julho de 2016 às 7:18 manhã
De sexta-feira o poeta procura uma poesia não a
Encontra almeja um poema porém todos os poemas
Voaram de volta à casa dos poemas deixaram o
Poeta estéril numa terra infértil num terreno
Inóspito num terreiro arenoso num quintal
Desértico deram-lhe água pediu vinagre
Deram-lhe pão pediu pedra deram-lhe açúcar
Pediu sal deram-lhe o lado azedo da vida
Pediu luz deram-lhe o escuro deram-lhe o
Selvagem o furor das trevas o medo do
Desconhecido o mistério do oculto os espinhos
No lugar das rosas os cardos dos caminhos o
Poeta não conseguia nem fingir queria fingir que
Era poeta não conseguia remoto ermo desabitado
Com todas as moradas vazias jazia cadáver insepulto
Repelido pela alma corpo morto desprezado pelo
Espírito de ente ou de entidade nada mais tinha
A pele já sem cor a carne já estragada os músculos
Flácidos a única esperança eram os ossos do
Esqueleto a ossada da caveira as únicas últimas
Resistências dalguns vestígios de poeta a pele não
Era mais vestido para nenhuma outra pele o
Resto foi cremado o poeta virou cinzas que
Misturadas com cocaína foram cheiradas por um
Viciado compulsivo que ao cheirar sem parar a
Noite toda morreu de over dose assim o poeta
Igual ao Lázaro morreu duas vezes causou uns
Bons momentos de loucura ao cheirador que no
Delírio tremens gritava nunca ter cheirado nada
Igual um dia do poeta ao ser lembrado dirão
Que serviu dalguma coisa pelo menos para dar
Umas ondas boas a um viciado antes de o ter
Matado amém até logo a todos os mortos nus
Que deram lugar aos nascentes aos nascidos
Quem sabe que talvez desse novo veio não
Ressurja o poeta morrido? quem sabe que talvez
Dessa nova lava nessa nova lama não se faça um
Boneco ressurgido pagão mas com um nome
Ungido de poeta fênix? até logo amém
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