A cada dia que passa escassa a vida fica
A cada dia que passa o que é o que
Existe é só a morte aos olhos mortos das
Palavras mortas dos mortos cada palavra
Morta é formada por letras mortas a
Palavra dita já nasce morta depois que
Foi dita todo que dita uma palavra é um
Morto as estrelas mais estrelas os sóis
Mais sóis as luas mais luas os homens mais
Homens morrem ou dormem ou fingem-se
De vivos de acordados têm pesadelos
Terríveis cantam que sonham sofrem
Dizem que o sonho acabou quando nunca
Sonharam não reagem à infelicidade
Visitam igrejas prostram joelhos postam
Mãos em orações os ossos são jogados
Nos lixões não são mais aqueles ossos
Sacros raros de caveiras fossilizadas de
Esqueletos lavrados pela lua ressequidos
Pelo sol da carne nem se fala mais da
Carne num mundo sobrenatural vegano de
Fantasmas zumbis ectoplasmas eletrônicos
Da voz nem se fala mais da voz a voz é
Morta como a carne é morta a voz não
Ecoa como o som nos sombrios o som
Também é sombra ondas nas pedreiras
Anda nas pradarias voa nas falésias margeia
Os paredões das cordas vocais fizeram
Forcas para enforcar com sufoco uma voz
Que dizia-se poética só vagava de vaga em
Vaga a transpor vagalhões a ressuscitar
Poesias poemas mórbidos a impedir o
Féretro fatal da antologia valeu-se alguém
Duma alavanca outro duma pedra mais
Um dum átomo moveram o universo de
Lugar a morte insistia em ficar lá a fazer a
Cada dia que passa a vida ficar mais escassa
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